Nada mais afeta a cultura de aprendizado de uma organização do que a forma como seus executivos recebem feedback. Receber feedback às vezes é tão difícil quanto emiti-lo, já que pode ser injusto, descabido, mal programado ou ainda mal direcionado. O feedback é um enigma tanto para quem dá quanto para quem recebe.
Feedback é qualquer informação que você recebe sobre si mesmo. Em sentido mais amplo, é a maneira como passamos a nos conhecer através das nossas próprias experiências e das outras pessoas – ou seja, a maneira como aprendemos com a vida. O feedback não é apenas uma avaliação: ele é um agradecimento, um comentário, um convite que se retribui ou se descarta, pode ser formal ou informal, direto ou implícito, franco ou rebuscado, totalmente óbvio ou tão sutil que você nem tem certeza do que aquilo significa
Impulsionar é melhor que pressionar. Treinar um gerente sobre como dar feedback, ou seja, como pressionar com mais eficiência pode ser útil. Mas se o receptor não quer ou não é capaz de assimilar o que lhe foi dito, só há duas opções: persistência e habilidade. O foco não deve estar nos emissores de feedback. Tanto no trabalho quanto em casa, o foco deve estar nos receptores, em ajudá-los a se tornarem aprendizes mais qualificados.
O verdadeiro incentivo é o impulso. Ter impulso significa dominar as técnicas necessárias para conduzir o próprio aprendizado, reconhecer e administrar nossas resistências, saber lidar com as conversas sobre feedback com confiança e curiosidade e mesmo quando essa avaliação parecer errada, tirar dela insights que ajudem a crescer profissional e pessoalmente. A palavra impulso por que ela destaca uma verdade muitas vezes ignorada: a principal variável em seu crescimento não é seu professor ou seu chefe – é você.
Podemos estar pilhados para aprender, mas adquirir conhecimento sobre nós mesmos é uma coisa completamente diferente. Isso pode ser doloroso – às vezes de forma brutal – e não raro o feedback é dado como um soco na boca do estômago, sem nenhuma preocupação com o risco e o impacto. Receber feedback se situa na intersecção da necessidade de aprender e nosso desejo de aceitação.
Receber bem feedback não quer dizer que você tenha que sempre aceitá-lo. Significa envolver-se na conversa com habilidade, fazendo escolhas inteligentes sobre se vai usar, como usar a informação e o que você está aprendendo. As vantagens de receber bem o feedback são evidentes: nossos relacionamentos evoluem, nossa autoestima torna-se mais fortalecida e, claro, nosso aprendizado aumenta – melhorarmos a forma que fazemos as coisas e nos sentimos bem com isso.
Feedback significa 3 coisas diferentes com objetivos diferentes:
Reconhecimento – é aquele que reconhece, conecta, motiva, estimula e sempre procuramos agradecer.
Orientação – ajuda a aumentar conhecimentos, aprimorar suas técnicas, aperfeiçoar suas capacidades, gera um crescimento ou desperta desequilíbrio no relacionamento.
Avaliação – informa sobre a situação, alinha expectativas e subsidia a tomada de decisões. Pode também classificar ou comparar com um padrão.
Precisamos das três formas, mas muitas vezes os objetivos desencontram. A avaliação é o tipo mais estrondoso e pode sobrepor aos outros dois. Sem dúvida que todo a orientação tem um pouco de avaliação. É preciso ter clareza a respeito do que você quer e do que está sendo oferecido, e então alinha a conversa. Lembre-se: o maior poder sobre o feedback é de quem recebe.
Aqui vai uma dica: uma antiga piada conta que um menino muito otimista, cujos pais tentavam ensinar ver o mundo de modo mais realista, ganhou deles um saco de esterco de cavalo de presente de aniversário. O que você ganhou? Perguntou-lhe a avó, torcendo o nariz por causa do cheiro. Não sei, gritou o menino, encantado, revirando ansiosamente o esterco. Mas acho que deve ter um pônei em algum canto. Receber feedback pode ser assim: nem sempre é agradável, mas pode ter um pônei em algum canto.
E aqui também vai um feedback de reconhecimento aos autores do livro "Obrigado pelo feedback", de Douglas Stone e Sheila Heen, pelas ideias e dicas.
Mochila nas costas e até a próxima trilha!
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