Sucesso no Vale é sinônimo de trabalho duro, foco na execução da ideia e dedicação obsessiva


O episódio 03 do Disrupt focou no espírito empreendedor do Vale do Silício. Esta foi uma região que originalmente as pessoas iam procurar ouro. Não existia garantias, era um lugar onde se assumia risco. E foi nesses fundamentos que se construiu a cultura do Vale do Silício.

A primeira coisa que precisamos ter em mente é que o Vale não é uma Disneylândia. As pessoas vão lá para trabalhar duro. São 100 horas por semana para fazer algo realmente especial: fazer um objetivo virar um sucesso.

Sucesso no Vale é sinônimo de trabalho duro, foco na execução da ideia e dedicação obsessiva. Existem mais casos de fracasso do que de sucesso no Vale, porém os projetos bem-sucedidos recebem muita atenção e divulgação e, por vezes, transmite-se a incorreta percepção de que as coisas simplesmente acontecem na região independentemente do esforço e dedicação empregados no projeto.

Valide o seu projeto com o cliente

A intuição do empreendedor sempre deve ser valorizada, porém com o entendimento de que um novo projeto é sempre uma hipótese que deve ser validada com o consumidor. A prática e cultura de se testar hipóteses com o cliente fortalecem a intuição do empreendedor oferecendo uma visão apurada a respeito de sua validade sob a ótica do cliente. Todo novo projeto é uma hipótese de negócios.

Ser empreendedor exige uma capacidade muito grande de ficar sozinho. Ninguém vai te aprovar ou desaprovar. O individualismo reina supremo. Você tem que ser individualista para encarar os ‘nãos’. No entanto, para executar a ideia, é preciso criar um time. Um núcleo de pessoas que te apoiam a levar a ideia adiante.

A recompensa financeira é consequência do sucesso do projeto. Os vetores de desenvolvimento das iniciativas mais bem-sucedidas estão sempre relacionados ao engajamento da equipe com os propósitos do projeto, seus valores e missão. Essa é uma das visões mais disseminadas e poderosas da cultura do Vale do Silício

A chave é a execução e como você executa a ideia. Como levá-la de conceito a produto. Esta é a jornada, a parte difícil. O que importa é o que você está fazendo e como pretende atingir seu objetivo. A execução da ideia é um dos principais fatores críticos de sucesso de qualquer projeto. Nesse processo, compartilhar a ideia com outros agentes é sinônimo de trazer mais referências e conceitos relevantes para agregar valor ao projeto original. O exemplo do Oculus Rift, vendido para o Facebook por cerca de U$ 3 bilhões sem ter sequer sido lançado tangibiliza bastante bem essa visão presente na cultura do Vale.

Compartilhe a sua ideia, o seu negócio vai ganhar com isso

É uma vida de obsessão. Dinheiro não é um bom estímulo. É uma parte importante, mas não essencial. O foco é trazer valor para a vida das pessoas. Os piores empreendedores são aqueles que não sabem compartilhar suas ideias. Ser aberto e fazer trocas é o cerne do que se faz no Vale do Silício.

A maneira de trabalhar no Vale tem muito a ver com a cultura da empresa em que se pensa a longo prazo, na missão do empreendimento. E os chefes criam um ambiente que estimula a inovação.

O empreendedorismo é aberto. Se você falha, você tenta de novo. Ao invés de queimar talentos, isso é reciclado para dar vida a outro negócio. Portanto, no Vale do Silício, o objetivo a longo prazo é mudar a forma de pensar. Ser mais crítico na maneira como a tecnologia é desenvolvida. Ela precisa essencialmente impactar a vida das pessoas.

O que significa ser empreendedor no Vale do Silício?

Existem alguns elementos fundamentais que definem o espírito empreendedor do Vale do Silício. Veja alguns abaixo e perceba aqueles que mais definem a sua própria jornada empreendedora

 

  • Informalidade:  ambiente corporativo desestruturado, informal, pouco apego à hierarquia, incentivo à contestação de ideias, despojamento e disponibilidade;
  • Responsabilidade: Comprometimento e dedicação ao projeto: lucro e resultado financeiros são consequência
  • Interação: encontros, meet-ups, apresentações de projetos e competições de startups
  • Confiança: confiança em todas as partes: na troca de informações e de ideias, nas relações e no cumprimento de acordos pessoais entre as partes;
     
  • Velocidade: no vale do Silício o negócio é rápido, veloz, dinâmico: “teste rápido, falhe rápido, ajuste rápido”;
     
  • Fazer diferente:  entendimento de que outras formas de fazer são possíveis de serem imaginadas e colocadas a teste;
  • Disposição ao risco: ambiente aberto à curiosidade e experimentação; envolve aceitação do risco e do erro, a receptividade por parte de professores, cidadãos e financiadores potenciais para proposições heterodoxas, não conformes;
     
  • Fracasso: todos os empreendedores bem-sucedidos no Vale têm experiências de fracasso em sua trajetória. Esses empreendedores, no entanto, aprenderam rapidamente com seus erros. É desse comportamento que emerge a visão do “fail fast” (falhe rapidamente);
     
  • Atenção às oportunidades: Disseminação de saberes: Modelos emblemáticos são prestigiados e difundidos (pessoas e organizações). Suas histórias são debatidas e difundidas;
     
  • Pivotar: o termo significa mudar ou girar e designa uma mudança radical no rumo do negócio;
     
  • Escala: no Vale do Silício, todo negócio precisa ser escalável e ter a capacidade de atender uma necessidade das pessoas em qualquer parte do mundo. Todo negócio precisa ter escalabilidade para conquistar o mundo;
     
  • Valorização de talentos: investir em talentos não é algo exclusivo do Vale do Silício. Entender que as pessoas são mais importantes que processos ou ativos tangíveis é unanimidade em todo o mundo, mas ali o “talentismo” possui muito valor;
  • Experiência: tudo é pensado para que você tenha uma grande experiência, desde a visita à empresa, até o consumo dos serviços ou produtos. Tanto para os colaboradores que trabalham em ambientes modernos, quanto para o público externo que compra os serviços e produtos e ficam encantados com a experiência de usabilidade;
  • Cultura da colaboração: Open office: profissionais de diferentes perfis e especialidades convivem, literalmente, lado a lado, tendo a oportunidade de estabelecer empatia e um profundo entendimento dos desafios individuais e comum, estimulando um nível de colaboração ainda mais profundo;
     
  • Compartilhamento: as pessoas compartilham, pois acreditam em si e no seu potencial de executar suas ideias e gerir suas equipes (aliás, esse é um talento muito procurado pelas grandes empresas);
     
  • Pay it forward: a construção de “valor” passa obrigatoriamente pela colaboração intensa e contínua entre todos os envolvidos, buscando a construção de algo “maior”. O “pay it forward” é uma forma de retribuir na frente o que aprenderam de outros experts;
     
  • On Going: busca por oportunidades em todos os ambientes. Interações em cafés, por exemplo, representam essa atitude de forma mais explícita: “estranhos” iniciarem uma interação e idealizam e concebem oportunidades de colaboração, buscam feedback e iniciam novos negócios;
     
  • Networking: é fortemente focado em identificar projetos comuns que podem surgir daquela interação. O contato entre estranhos é estimulado e esperado. A capacidade de estabelecer conexões é um dos pontos-críticos da capacidade de inovar continuamente; Networking variado e diversificado;
     
  • Inovação: Um mindset, uma atitude. Resultado do esforço criativo e coletivo que parte de uma ideia, produto ou negócio que leva a uma invenção; Resultado da criação de valores tangíveis através de processos, sistemas, produtos ou serviços e fruto de uma forte interação; Combinação de novos conhecimentos com os já existentes, tecnologias, canais, redes, relacionamentos sociais e capital para atender uma necessidade expressa ou latente; Envolvimento de aspectos internos e externos `as organizações, onde as interações assumem papel decisivo. 

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