Ser bem-sucedido é relativo, os caminhos que seguimos dependem muito mais da nossa convicção do que do juízo de valor dos outros


Outro dia vi um vídeo onde uma criança perguntava para um monge budista sobre a morte… a resposta veio pela citação de Antoine Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma…”. Como a nuvem que se transforma em chuva, como a chuva que se transforma em rio, como o rio que supre a nossa sede. E o monge continua: “A morte significa o fim, o nada. Mas a nuvem quando se transforma não é o seu fim, então o mesmo acontece conosco… apenas nos transformamos…”

A única coisa que me veio à cabeça foi a minha própria transformação (em vida, diga-se de passagem). Aprendemos desde cedo que para sermos aceitos pela sociedade, devemos cumprir algumas regras… não destoar muito do coletivo, escolher profissões que façam sentido para a família e sociedade. Casar, ter filhos, comprar e ter certas coisas.

No início da juventude, somos obrigados a escolher a profissão que nos guiará pelo resto da vida. Houve uma época em que acreditei que esta escolha era imutável. Afinal, anos de investimento em uma carreira não poderiam ser “jogados fora” para se aventurar por aí. Eu era uma garota séria, cumpridora de todas as regras.

Fui treinada para acreditar que o sucesso era medido pela quantidade acumulada, seja de dinheiro, reputação ou fama. Treinada para acreditar que a referência era sempre externa e não interna. E para atingir esta referência externa de sucesso, precisava ter foco. Era necessário escolher uma única parte de mim e investir todo meu tempo e minha energia para chegar lá. Por muito tempo, a parte sobrevivente foi a que continha técnica, lógica e que ignorava tudo e todos que não faziam parte daquele ecossistema. Ambiente que fiz questão de blindar, pois afinal, precisa ser objetiva.

Mas a natureza é inteligente, estamos todos conectados de alguma forma. Então quando você não presta atenção, quando você não se olha, quando você não se enxerga, ela dá um jeito de fazer isso por você. Se você não para, ela te para. No meu caso, uma doença grave.

Foi quando pausei.

Quando olhei para dentro, tive que conectar todas as partes por mim abandonadas ao longo do caminho. Tive que buscá-las, juntá-las, reconstruí-las. Tive que aprender a interagir com todas elas, todas as partes de mim que eu não olhava…

Hoje me esforço em contar para minha filha todas as vidas que vivi. Ela me olha e ri:

– Sério, mãe?

Hoje sou o coletivo que de longe parece confuso, mas que de perto tudo faz sentido.

Hoje sou a engenheira que entende e resolve conexões de fluxo e processo. A bailarina que expressa a emoção em cada vivência. A terapeuta que cuida, respeita e observa a própria evolução. A mãe que erra e que acerta. A multidisciplinaridade habita em mim. Conectada pela colaboração entre todas as partes, que quando somadas me tornam o que eu sou.

Dar nome para coisas ajuda a nossa mente a classificar, ordenar e organizar. Nos sentimos seguros quando o fazemos. Mas nomear também significa limitar e reduzir a capacidade de ser. Quando nomeio a nuvem, em algum momento posso não aceitar que ela se transforme em chuva.

E você, o quanto o seu ser pode estar limitado pelo nome da sua profissão, formação, cargo ou função?

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Luciana Kimi

É especialista em Gestão Colaborativa, Design de processos e negócios. Entende que a vida é uma prática de constante transformação, por isso mantém o ayurveda como filosofia e a paixão pela dança e pela arte como fontes de inspiração. É mãe de uma menina linda, atualmente seu maior tesouro