Você sabe, eu sei, todo mundo sabe: Alex Osterwalder é um empreendedor. Mas ninguém se lembra, de verdade, de que esse suíço é um empreendedor; o criador da ferramenta “canvas do modelo de negócio” é visto como consultor, fornecedor, palestrante, fonte de informação ou qualquer outra coisa antes de empreendedor.
Alex, que já tive o prazer de entrevistar, inspira pelas ideias que vende, é claro, ou seu canvas não seria uma metodologia querida por dez entre dez empreendedores, mas ele pode nos inspirar tanto quanto com seu exemplo pessoal.
Duvida? Tomei a liberdade de destacar sete aspectos da trajetória empreendedora do Alex em que vale a pena prestar atenção:
1. Como muitos empreendedores, ele começou na universidade. Só que não na graduação. Em 2000, ele começou a trabalhar em sua tese de doutorado em sistemas de informação gerencial na HEC, uma escola de negócios de Lausanne, na Suíça, e a hipótese era super acadêmica e abstrata: descrever o modelo de negócio de uma companhia (de qualquer companhia) em linguagem visual.
2. Como muitos empreendedores, ele contou com a internet e com o acaso. Defendeu a tese em 2004 e, sem muita esperança de que alguém se interessasse em ler um conteúdo acadêmico mas com a nobreza que o título Ph.D confere, ele a publicou na internet. Aí começaram a baixar o documento se sem parar, como se ela fosse um clipe do Justin Bieber do mundo corporativo. O acaso veio da Colômbia: uma telecom local que havia baixado a tese o convidou a dar um curso de capacitação. E ele se deu conta da demanda.
3. Ele criou uma empresa; não era a primeira, nem seria a última. Por dois anos, entre o fim do doutorado e o início do trabalho com o livro, Alex fundou uma empresa de consultoria em modelos de negócio. Não era a primeira vez em que ele empreendia um negócio: entre 1999 e 2000 ele constituiu uma empresa de educação financeira. Também teve experiência em uma ONG ligada ao tratamento de aids.
4. Ele arrumou parceiro, como todo empreendedor deve fazer. Por volta de 2006, Alex convidou o professor da HEC e seu orientador na tese, Yves Pigneur, para materializar o serviço, inicialmente como um livro que pudesse apoiar palestras como a da Colômbia.
5. Os dois começaram tudo de novo, para simplificar a complexidade. O livro deles não se tratou simplesmente de um texto expandido a partir da tese. Os dois partiram para pesquisar tudo de novo, e pesquisar muito. Reuniram tudo e mais um pouco do que se falou sobre estratégia, projetos e como chegar ao mercado, e reduziram a lista a nove elementos. (Os dois entendem que as aventuras empreendedoras com maior chance de sucesso no século 21 são os que simplificam a complexidade.)
6. Eles construíram um produto minimamente viável, o MVP, de seu serviço, em forma de livro, para testar rapidamente com o mercado. (Lembrando que MVP é a sigla em inglês da filosofia da “lean startup”). Escreveram o livro e, em vez de lançar logo aproveitando a demanda da internet, resolveram antes testá-lo no mercado. Para isso, arrumaram um jeito de se reunir, presencialmente e a distância, com 470 gestores e consultores de 45 países e a resposta foi ótima e eles aprenderam muito, modificando o produto final, lançado em 2010.
7. O sucesso não o paralisou; ele lançou um novo produto e uma nova empresa. O livro se tornou rápidamente um fenômeno de vendas, com tradução em mais de 30 idiomas, mas ele entende que, se ficar apenas explorando-o em palestras, será logo superado. Alex criou uma startup de software para trabalhar no que chama de “SAP da estratégia” e mantém três projetos de livro ao mesmo tempo. E, quando conversamos, em junho do ano passado, Alex tinha muitas dúvidas sobre se isso teria sucesso, mas continuava apostando assim mesmo, sem conservadorismo.
É legal ou não é? Eu, pelo menos, acredito muito em exemplos, especialmente na área de empreendedorismo. Não em cópias, vejam bem; em exemplos.
Observação: no próximo post, ainda vou falar sobre outro lado pouco explorado de Alex Osterwalder; aguardem!
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