O conceito ainda é relativamente novo, mas bem aplicado nas organizações pode ser um diferencial competitivo surpreendente


Nas últimas duas décadas, cada vez mais administradores têm reconhecido a importância de valorizar seu capital humano e dado mais atenção para a forma como administram o conhecimento e as habilidades intelectuais dos membros de sua equipe. Com isso, Gestão do Conhecimento é um conceito que ganhou bastante força para quem deseja colher eficiência, qualidade e dedicação nas rotinas de trabalho.

“A gestão do conhecimento refere-se a formas sistematizadas de uma organização desenvolver, armazenar, processar, resgatar, utilizar e compartilhar informações em uma organização”, destaca Bruno Rocha Fernandes, autor do livro “Gestão Estratégica de Pessoas com Foco em Competências”, da editora Elsevier.

“Hoje há um consenso de que o que provê vantagem competitiva a uma empresa está atrelado ao conhecimento, seja ele explícito, constante em bases de dados, arquivos, patentes, entre outros, como aquele que está na cabeça das pessoas – o chamado conhecimento tácito. Gerenciar o conhecimento pressupõe trabalhar todas estas fontes, inclusive aquelas sobre as quais não se tem um ‘controle absoluto’”, complementa Bruno.

Os benefícios de uma sistemática assim costumam aparecer no aprimoramento de processos dentro das organizações, cobrindo áreas como diminuição do tempo no lançamento de produtos, melhoria de eficiência nas operações, melhoria na eficácia em projetos e na assertividade das ações.

De acordo com Daniela Luiz, especialista em gestão do conhecimento e sócia-fundadora da Didáctica (empresa de soluções em educação), esse conhecimento é o que proporciona também melhor qualidade no trabalho. “Quem nunca se deparou com questionamentos do tipo: ‘Não fiz porque não sabia!’. Quem deveria instruir? Como deveria ser essa instrução? De que forma essa instrução poderia ser repassada? Isso é gestão do conhecimento. São inúmeros os benefícios desse método. Mas, sem dúvida, o maior deles é tornar uma determinada informação de conhecimento de todos os envolvidos da empresa”, afirma.

Os principais obstáculos

Um dos principais problemas na gestão do conhecimento nas empresas é a tendência das pessoas a reterem informações. Por isso, para introduzir um modelo empresarial baseado na gestão do conhecimento, o primeiro passo é entender com quem está a informação.

“A empresa, conforme seu crescimento e o envolvimento de outras pessoas, acaba adotando particularidades de gestão, ou seja, cada um a seu modo faz o que tem de ser feito. Isso não é, nem de longe, um exemplo de gestão do conhecimento. É preciso avaliar, antes de tudo, como o processo deve ser. É válido lembrar que esse processo de iniciação da gestão do conhecimento requer uma criteriosa avaliação do conhecimento que é explícito (manuais, videotreinamentos, guias etc.) e, principalmente, o conhecimento tácito”, indica Daniela Luiz.

Nesse contexto, para promover esse modelo, é preciso disseminá-lo em todos os níveis da companhia, independente do tamanho da organização. Para isso, o especialista Bruno Rocha indica que é importante levar em conta o porte e complexidade da empresa para se trabalhar o modelo de gestão do conhecimento ideal.

“Em organizações grandes e complexas, pode-se justificar a criação de uma área com esta finalidade. Mas na maior parte das organizações, a atribuição de gerenciar o conhecimento pode ser acumulada dentro de áreas já existentes, como Recursos Humanos, Engenharia, Escritório de Projetos etc. Mas, independentemente de existir ou não uma área corporativa responsável pelo tema, a gestão do conhecimento é tarefa de todos, pautados pelos processos recomendados pela área corporativa”, avalia Rocha.

Várias questões podem ser levadas em conta na estruturação do modelo e que podem gerar uma inteligência competitiva diferenciada: quais são os conhecimentos críticos a serem desenvolvidos e preservados na empresa para se crescer? Como cuidamos destes conhecimentos hoje? Como são capturados? Como são armazenados? Há mecanismos de fácil acesso para sua recuperação? As pessoas estão formadas e preparadas para desenvolver e trabalhar estes conhecimentos de forma útil e aplicada?

A influência externa

Um ponto que gera muita dúvida nos gestores e que é pouco abordado em manuais e livros de gestão do conhecimento está na relação de difundir e receber insights e ideias com clientes, parceiros, fornecedores e a comunidade em geral.  Para a consultora Daniela Luiz, em um mundo globalizado como o nosso, é mais que necessário estar aberto a ouvir e mostrar a sua cara.

“Como diz Peter Drucker, é preciso ‘pensar globalmente, mas atuar localmente’. Trazemos essa frase para o dia a dia: é mais que necessário estar atento ao conhecimento externo, seja de clientes, fornecedores e, até mesmo, (porque não) da concorrência. Nos dia de hoje, se não estivermos em contato com o público estaremos correndo sérios riscos”, destaca.

Estreitar e melhorar a comunicação interna e externa, abrir conexões e relacionamentos que tragam informações que possam ser úteis para a plena gestão mostram ser ferramentas indispensáveis para as empresas que desejam evoluir ainda mais.

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