O empregado é o ponto crucial da empresa


Complexidade: a palavra que melhor define a época em que vivemos. Ela impacta diretamente as empresas, uma vez que a economia, a política e o social encontram-se vinculados de maneira íntima. Por isso, às corporações só resta a alternativa de olhar para gestão integralmente – observando o todo e, também, relação entre as partes.

A interdependência entre os dois primeiros aspectos (economia e política) é clara e, por isso, objeto de atenção por parte da gestão. Seus impactos – principalmente os negativos – são diretos. Assim, o desafio está em articular a terceira dimensão, o social, ao restante. Esta dificuldade resulta de sua amplitude. Porém, ao que tange as empresas, interessa mais o aspecto humano.  

Neste ponto, deriva a pergunta: quem é o indivíduo que habita o social contemporâneo? Este questionamento, que nada tem a ver com uma reflexão filosófica, trata-se de um ponto crucial: ele é, acima de qualquer coisa, o empregado – aquele que diariamente “faz a empresa acontecer”.  

Sem o esforço para saber quem é o empregado de hoje em seu aspecto mais amplo, torna-se impossível atrair, reter e engajar – e a questão do engajamento é vital: pesquisas indicam que um time engajado representa -25% turnover (rotatividade de empregados) e +22% de rentabilidade.  

Na sociedade de hoje, o ser social não se difere mais do ser do trabalho. Portanto, conseguir cooptar esse indivíduo à missão, à visão e os valores da organização implica em novas respostas a velhas perguntas. Por exemplo: é melhor oferecer um bom salário ou horário flexível? Vale mais um plano de carreira formal ou oportunidade de aprendizado contínuo? O acesso às redes sociais é fator de motivação ou dispersão? Respeita-se o líder por sua posição hierárquica e tempo de casa ou pela identificação com o grupo? 

Conclusões universais não têm valia. Cada empresa é única e é a cultura organizacional que deve servir como balizadora de tudo isso. Afinal, se não houver coerência entre o que a empresa faz e fala nada mais importa (esta, sim, a única certeza possível).  

Para que essa coerência ocorra é imprescindível um forte trabalho junto à liderança. É ela quem imprime essa marca no dia a dia, por meio de suas atitudes. Como? Oras, se a política de pessoas permite e incentiva o home office, por exemplo, cabe ao líder não fazer comentários maliciosos a respeito daqueles empregados que se valem deste benefício. E isso serve para tudo.
 
Conseguir uma liderança aderente à gestão depende de um forte trabalho de comunicação interna, que dê ao líder as informações necessárias e coloque-o em contato com a cultura organizacional. É essa tríade (entender o empregado de forma ampla, construir uma cultura organizacional coerente e desenvolver uma liderança adequada) a chave para alcançar os objetivos da empresa, muito mais do que a escolha de um ou outro veículo de comunicação. É hora de permitir que a Comunicação Interna ocorra, de fato, de maneira estratégica.

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Thatiana Cappellano

Especialista em Semiótica Psicanalítica (estudo da Clínica da Cultura) pela PUC de São Paulo, possui extensão em Comunicação Corporativa pela FGV, sendo bacharel em Relações Públicas pela FAAP. Atua no mercado de comunicação desde 2000. Atualmente é Vice Coordenadora da Habilitação em Relações Públicas da FAAP onde também é Coordenadora e Professora na Pós Graduação em Comunicação Interna. É coautora do livro "Comunicação Corporativa: Imagem e Reputação Favorável" e "Comunicação com Empregados: A Comunicação Interna sem fronteira"