Iniciamos hoje uma série de entrevistas com os empreendedores que palestraram no GV TOP, no dia 28 de abril, em São Paulo. E o primeiro deles é Ricardo Bellino. Para quem não o conhece, ele foi o responsável por trazer para o Brasil a mega agência de modelos Elite Models, fundada por John Casablancas, de quem se tornou sócio aos 21 anos graças a boas doses de audácia, persistência e, claro, competência.
Foi Bellino que trouxe também para o Brasil a campanha das camisetas do câncer de mama, que engajou milhões de pessoas. Mais tarde, criou ainda a modelo virtual Webbie Tookay, sucesso no mundo todo e estrela de uma campanha da Nokia. Mas seu maior desafio ainda estava por vir: vender uma ideia a Donald Trump, em três minutos que ele usou muito bem.
Bellino é ainda autor dos livros “O Poder das Ideias”, “Sopa de Pedra”, “3 Minutos para o Sucesso”, “Midas e Sadim” e “Escola da Vida”, que – inclusive – estão disponível gratuitamente em seu site no formato de audiolivros. Essa última obra leva o mesmo nome do seu mais novo projeto, que se dedica a levar ao público as lições e os conhecimentos adquiridos por aqueles que aprenderam na prática.
Confira abaixo a entrevista que Bellino concedeu ao Geração de Valor:
1 – As forças contrárias na hora de tomar uma decisão arriscada são inúmeras e, geralmente, poderosas. Como você enfrentou a maré contrária, por exemplo, quando decidiu sair daqui para os EUA com a ideia maluca de convencer John Casablancas a se tornar seu sócio no Brasil?
Na minha vida, eu aprendi o seguinte: o “não” eu já tenho. As forças contrárias sempre foram um incentivo para mim, uma grande motivação. E eu tenho uma coisa muito engraçada, que é gostar de lidar com o supostamente impossível. Há duas frases para mim que, nesse sentido, são muito fortes. Uma do Mandela, que diz que “o impossível é tudo aquilo que ainda não foi feito”. E a outra é aquela clássica do Walt Disney, que eu usei no encerramento da minha participação lá no GV TOP: “Eu gosto do impossível porque no impossível tenho menos concorrência”. Correr contra todas as possibilidades sempre me deu e me dá até hoje muito incentivo. Isso nunca me inibiu e eu sempre fiz com que a força contrária não agisse contra mim, mas como a alavanca do judô, que usa o oponente ao seu favor. Nenhuma das iniciativas com as quais me envolvi foram fáceis. Sempre tive que saltar grandes obstáculos para atingir meus objetivos. Uns com sucesso e outros com os fracassos.
2 – Qual o grau de importância que você dá para os fracassos?
Eu sempre aprendi muito com os fracassos. Na minha vida, eu aprendi mais com o fracasso do que com o sucesso. O sucesso inspira a gente. Mas o que te ensina mesmo na vida é o fracasso.
3 – Em sua opinião, porque as pessoas têm tanto medo de arriscar?
Por que as pessoas, na sua grande maioria, são covardes. Elas têm medo de correr riscos, têm medo de sair da sua zona de conforto, aquela zona de uma suposta proteção. E as pessoas, com esse medo de fracassar, entram num processo de paralisia completa. Então, na hora em que elas pensam, sonham, têm ambição, se não tiverem auto-estima e a motivação correta, essa motivação louca de correr riscos, elas mesmas criam seus próprios limites. E aí vão se convencendo de que não podem fazer aquilo. Na verdade, deixem para o mundo nos colocar as dificuldades, não vamos fazer isso. Acho que a gente tem que assumir uma atitude positiva na vida.
4 – Ser chamado de louco é um elogio para você e para todo empreendedor que sabe que ter suas iniciativas vistas, inicialmente, como ideias malucas é um sinal de que um bom negócio está a caminho. Mas diz uma coisa: dá para ter certeza de que uma ideia que parece maluca para o resto do mundo é um bom negócio?
Ninguém pode ter essa certeza, ninguém pode te assegurar que essa ideia vai ser um bom negócio. Mas você pode, sim, visualizar e acreditar nessa ideia, e assim encontrar as motivações para seguir e superar todas as dificuldades que vai encontrar. Mas ninguém pode garantir nada. Pelo contrário. Na verdade, todas as ideias arrojadas nascem com um percentual de fracasso enorme, a medir pelas inúmeras pequenas empresas que são criadas. A taxa de mortalidade é enorme. O fato é que você vai para a guerra. E aí vai ter gente que vai voltar num saco de plástico e vai ter gente que vai voltar viva. Pode ser que um volte sem uma perna, outro sem um braço. Mas volta vivo. Na guerra do mundo dos negócios, infelizmente, as possibilidades de morte são enormes. Então, você tem que ter uma dose de otimismo, de força de vontade, para poder dar a volta por cima, sobreviver e também prosperar, fugindo das estatísticas ou, pelo menos, entrando na estatística da minoria, não da maioria.
5 – Para você, quais fatores chave fazem a diferença para o sucesso ou fracasso de um negócio?
As pessoas. Não são os instrumentos, os planos de negócios ou o capital. Às vezes, inclusive, capital em excesso é um problema tanto quanto a falta dele. Mas o que faz a diferença é a pessoa. A capacidade de a pessoa visualizar, se comprometer com seu projeto, aceitar que ela vai fracassar e aprender com esse processo ao longo do caminho. Mas saber que ao longo desse aprendizado ela vai construir sua capacidade empreendedora, sua musculatura emocional, porque você vai ter que lidar com muitos fatores que vão deprimir, abalar de alguma maneira. Então você vai ter que encontrar o foco para se colocar para a frente.
6 – Qual mensagem de inspiração você deixa para os GVs?
A pessoa, no momento em que tem uma ideia, tem que entender que precisa ser seu próprio CEO. E isso significa combinar criatividade, entusiasmo e otimismo. Esses valores são fundamentais. E repito o que eu disse no final da minha apresentação no GV TOP: você tem que acreditar no impossível.
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