Datas comemorativas são essenciais para o comércio de maneira geral. Por consequência, a demanda gera um incremento em toda a cadeia e a indústria ligada aos produtos que têm booms sazonais, por exemplo, também ganha. Dependendo da época, diferentes setores se sobressaem aos outros. Agora na Páscoa, é a vez do mercado de chocolates. Como as companhias do segmento fazem para se diferenciar e conquistar os consumidores, em meio a tantos concorrentes? E como atuam no restante do ano?
Embora o Brasil já conte com marcas sólidas no nicho de chocolates, tanto nacionais quanto internacionais, e elas tenham estratégias muito bem definidas para o ano todo, a Páscoa é o grande momento para todo o segmento. Para se ter uma ideia, antes de começar a Páscoa de um ano, a do seguinte já está sendo organizada por muitas companhias.
“Esse processo envolve todas as áreas da empresa que se mobilizam para o desenvolvimento dos produtos, contratação e treinamento de funcionários temporários (no primeiro momento para a produção e no segundo para o ponto de venda), estratégia de comunicação, venda de produtos, logística, preparação do PDV, entre outros”, afirma André Barros, gerente executivo de marketing da Chocolates Garoto.
O resultado obtido com a Páscoa costuma ser considerado um “13º do comércio”, segundo Ubiracy Fonseca, vice-presidente da Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados). Ele conta que a data exige um mês a mais de dedicação na produção. Consequentemente, isso significa contratar mais pessoas, para ampliar a produção, o trabalho de marketing e as vendas. E o faturamento, obviamente, cresce junto.
Como segurar as pontas no restante do ano?
Especificamente no mercado de chocolates, sustentar as vendas fora da época chave – nesse caso, a Páscoa – não é mais um desafio tão grande quanto o de outros segmentos que são extremamente sazonais. Mas isso se dá justamente porque houve planejamento, investimento em marketing e diversificação do portfólio por parte de praticamente todas as empresas, esforço que resultou na absorção do consumo de chocolates no dia a dia do brasileiro.
Um mês após a Páscoa, ninguém mais vai ao supermercado procurar ovos de chocolate. Mas uma barrinha sempre acaba entrando casualmente nas compras e uma caixa de bombons nunca deixa de ser um bom presente. E engana-se quem pensa que a data sazonal não tem nada a ver com o sucesso nos outros períodos do ano. “No plano de marketing anual, a Páscoa é um evento que contribui para a divulgação das marcas, apresentação de novos produtos e encantamento do consumidor”, afirma André Barros, da Garoto.
Outros setores
A mesma lógica da Páscoa para o mercado de chocolates vale para outros produtos que têm momentos de alta em determinadas épocas do ano. Sorvetes, por exemplo, são mais consumidos no verão. Mas se tornaram tão populares no Brasil que entraram no cotidiano da população como uma das suas mais tradicionais sobremesas.
No Natal, entre os principais destaques nas gôndolas dos supermercados estão os panetones. Em janeiro, quase não se encontra o produto. Nesse caso, entra o fator da diversificação do portfólio. Com exceção de pequenos produtores artesanais, que aproveitam a época para incrementar a renda, não existem empresas no Brasil dedicadas única e exclusivamente à produção desse tipo de comida. Geralmente, são grandes fabricantes do segmento de alimentos em geral – que produzem biscoitos e massas, por exemplo – que fabricam para o período e depois encerram a produção.
Trabalhar com produtos sazonais, então, significa: 1 – planejar-se com antecedência suficiente para dar conta da demanda; 2 – saber aproveitar a época de alta para incrementar o faturamento do ano; 3 – utilizar a visibilidade da data sazonal para promover sua marca e, assim, criar vínculos com o público para continuar vendendo ao longo do ano; 4 – diversificar o portfólio para atender às necessidades dos consumidores em épocas de baixa dos produtos sazonais.
E aí: seu negócio está preparado?