Mantenha seu foco na solução do problema. Muitas vezes há formas criativas e até simplistas de resolver algo


Imagino que a maioria aqui já tenha ouvido a história sobre como EUA e Rússia resolveram o problema de escrever no espaço. EUA gastou milhões para desenvolver uma caneta especial que escrevia em qualquer situação e Rússia usou lápis. Ao final, quem conta a história, sempre diz que isso mostra a diferença entre o foco no problema ou na solução.

A questão é que nunca lembro qual é qual. Acho até que já ouvi versões com a ordem invertida para falar a verdade. A história fica parecendo a discussão do ovo e da galinha.

Problema

Naturalmente, entender o problema (ou oportunidade, para não ser tão negativo) é o primeiro passo. A grande questão é que esmiuçar um problema nem sempre significa entender suas razões e nuances.

Um caso famoso fala de uma lanchonete que queria aumentar suas vendas. Como já vendiam bastante milk-shake, pensaram que o problema eram os poucos sabores. Quando contrataram uma consultoria, descobriram que estes eram os itens mais vendidos porque os clientes tinham pressa e esse era o pedido mais rápido.

A lanchonete poderia ter estudado tudo sobre o “problema”, dos sabores preferidos à temperatura ideal de um milk-shake e lançado uma linha nova de produtos fantásticos, mas ainda estaria lidando com o problema errado. Ao invés disso, descobriu que lançar que saem mais rápido ou um serviço de drive-thru faria mais sentido.

Quando se deparar com um problema, tente entender o que está além dele, dê um passo atrás e descubra como se chega à esse impasse. Evite saltos lógicos e raciocínios apressados. Se você quer vender mais, por que assumir que a variedade de sabores de milk-shake é o problema?

Quebrar a situação em várias partes também ajuda: quem, o que, como, quando, por que. Entenda as motivações dos envolvidos. Por que eles querem fazer isso? Por que querem fazer dessa forma? Qual o resultado esperado?

Solução

Durante esse processo, talvez você descubra que a situação pode ser resolvida de uma forma super simples e sem firulas. Assim como também pode descobrir que agora vai ter que focar na solução e gastar muito tempo e dinheiro desenvolvendo algo elaborado. De qualquer forma, pelo menos você vai estar trabalhando no problema certo.

Voltando ao caso da caneta espacial, os EUA acharam que o problema era a “caneta não funcionar” e a Rússia fou mais na necessidade de “escrever no espaço”. Não acho que um tenha focado no problema e outro na solução, apenas focaram em problemas diferentes (deixo o certo e errado para vocês).

Mercados ou situações similares também podem representar problemas diferentes. Lembre que “escrever” nem sempre é o único problema quando tratamos de canetas. Afinal, se fosse assim, só teríamos lápis e Bics, mas nenhuma Montblant.

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Ricardo Rezende de Souza

Ricardo Rezende de Souza é Designer Estratégico na INSITUM, consultoria líder em inovação na América Latina. Com 10 anos de experiência na indústria de criativa, já passou por agências de publicidade, escritórios de arquitetura, design e branding, além de negócios próprios. Nesse período desenvolveu projetos para clientes como Natura, Facebook, Pinterest, Samsung, Bradesco Itaú-Unibanco, Basf e Accessorize, entre outros. É formado em Propaganda e Marketing, com pós-graduação em Marketing Digital pela CIM/London School of Marketing e passou pelo Bootcamp de Planejamento da MiamiAdSchool/ESPM.