A colunista Lucina Kimi conta como o Brasil vem sofrendo mudanças e como isso pode ser bom porque evidencia algo: trasnformação


Nesta semana, lendo uma série de artigos, me deparei com a seguinte pergunta “Onde estão os mentores?”. Automaticamente marquei a frase no meu caderno de anotações porque, apesar do artigo descrever basicamente sobre o que é mentoria e suas vantagens e desvantagens, ele me fez recordar um encontro de cocriação que facilitei há algum tempo.

Naquele dia, um grupo se reuniu para entender o universo de negócio de um dos participantes. O grupo era composto por diversas expertises (jogos, inovação, futurismo, empreendedorismo), um time e tanto. Conversa vai, conversa vem – ou melhor, cocriação em andamento – um dos participantes soltou a seguinte frase: “Os gurus estão entre nós” Todos rimos porque, naquele momento, soou um tanto profético. Quando os ânimos abaixaram, percebemos o quão tocante foi aquela frase!

No início de 2014, escrevi um texto chamado “Onde está o conhecimento?”, onde descrevo a minha jornada em ambientes nada tradicionais de ensino.
O que eu aprendi? Aprendi que o mundo está mudando e aprendizado deve ser constante. O texto do Renato Bernhoelf publicado no Valor Econômico um ano antes já dizia: “Os pais não poderão mais orientar seus filhos com base nos seus modelos de vida e carreira profissional. Eles devem estimular o espírito empreendedor desde muito cedo nas crianças e ampliar as discussões e debates sobre alternativas de realização profissional e pessoal. Também é preciso buscar formas para criar filhos com uma visão mais multicultural e internacionalizada, tornando-os independentes e assumindo mais riscos em relação aos seus sonhos e desejos pessoais.

As instituições de ensino vão sofrer profundas alterações nas suas finalidades, metodologias e conteúdos. A educação deverá se situar mais próxima do mundo real e o professor não poderá ser apenas aquele que leva conhecimento aos alunos, mas um mestre que leva o estudante ao conhecimento.

As empresas deverão rever seus modelos de carreira, estímulos, hierarquia e retenção de talentos. Possivelmente incorporando colaboradores com uma mentalidade que ultrapasse a mera expectativa do vínculo do emprego, captando também profissionais com perfil empreendedor e inovador.

Os governos, por sua vez, precisarão repensar suas políticas públicas sobre trabalho, tecnologia, inovação, modelos empresariais, novos segmentos de atividades, contexto urbano, maior longevidade e mais idosos permanecendo no mercado de trabalho”

Mas como usufruir do conhecimento do outro e aprender com ele? O que eu sei e o que você sabe está no caminho entre eu e você, um pouco confuso? Se viramos a chave do nosso comportamento heróico de resolvermos tudo sozinhos, se mudarmos o nosso comportamento em relação ao aprendizado, só assim conseguiremos interagir com as mudanças que estão ocorrendo e poderemos potencializar o conhecimento.

Em um mundo altamente conectado, a pessoa e a empresa isolada corre o risco de ficar para trás, não porque não tenha a capacidade de evoluir o seu próprio negócio, mas se neste exato momento eu tenho uma ideia, centenas de outras pessoas no mundo estarão conectadas a ela ou próximas desta mesma ideia. Há milhares de pessoas compartilhando e aprendendo de forma colaborativa e a velocidade atingida por estas mudanças é exponencial.

Naquele ano, uma entrevista do Alex Atala, para a Revista Época, chamou-me a atenção. O reporter pergunta:

“Você não se preocupa em guardar conhecimento? Alex Atala – O advento da internet destruiu isso. Antigamente, o chef escondia o seu segredo para conseguir atrair as pessoas até ele. Hoje, o chef divulga para reivindicar autoria. E autoria traz os clientes. Nada mais legítimo do que conhecimento público.”

Em uma era de incertezas, a abertura para o imponderável se torna umas das chaves para o sucesso, mas para suportá-lo devemos manter o nosso conhecimento em constante evolução. O aprender não está mais no passado – deve ser construído, formado ao longo da vida e entendida como um processo permanente.

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Luciana Kimi

É especialista em Gestão Colaborativa, Design de processos e negócios. Entende que a vida é uma prática de constante transformação, por isso mantém o ayurveda como filosofia e a paixão pela dança e pela arte como fontes de inspiração. É mãe de uma menina linda, atualmente seu maior tesouro