Quer ajudar alguém? Fique quieto e escute!


 
Separei este vídeo porque para mim é tão cheio de aprendizagem que se tornou difícil tentar colocar todos os insights em forma de lista. Por isso, este texto é um convite para assistirmos os 17min desta palestra incrível e se você se sentir confortável, compartilhar o que te tocou! Quem vem?
 
Eu assisti várias vezes e a cada uma delas, uma nova inspiração! Vou comentar aquelas que me inspiraram a escrever este texto:
– Ajude somente quando for solicitado. “Acima de tudo em desenvolvimento econômico, se as pessoas não querem ser ajudadas, deixe-as em paz.” – trecho do livro “Small is Beautiful”, de E. F. Schumacher;
– Não ensine, aprenda. Ensinar significa que há diferença, eu estou em cima e você embaixo. Quando me disponho a aprender, me iguá-lo ao outro ser-humano. E nessa posição, posso ouvir. O ouvir aguçado, presente e interessado;
– Respeite o conhecimento local. Somos todos estrangeiros na vida de qualquer outra pessoa. A sua ideia de nada serve, se não cumprir o sentido literal da palavra que é “servir”;
– Ajude-a a colocar em prática, aquilo que ela quer por em prática;
– Traga inteligência, não a ideia pronta, ajude-a a construir uma solução.
 
Algumas técnicas recentemente introduzidas já falam deste sentido de criar junto. Mas de verdade quantos minutos você aguenta de boca fechada, diante de um possível cliente, mediante a solução maravilhosa que está na sua pasta?
 
Recentemente li um texto, não tão novo assim. O trecho abaixo faz parte de uma palestra dada em 3 de janeiro de 1934 em resposta a seguinte pergunta:
"Qual é o rumo mais sábio a tomar – proteger e dar abrigo aos ignorantes pelo conselho e orientação, ou deixá-los descobrir através da sua própria experiência e sofrimento, mesmo embora lhes possa levar uma vida inteira a libertarem-se dos efeitos de tal experiência e sofrimento?
 
Resp: Eu diria que nenhum; eu diria que os ajudassem a ser inteligentes, o que é uma coisa completamente diferente. Quando querem guiar e proteger os ignorantes, estão realmente a dar-lhes o refúgio que criaram para vocês mesmos. E enveredar pelo ponto de vista oposto, isto é, deixá-los andar à deriva através das experiências, é igualmente insensato. Mas podemos ajudar os outros através da educação – não através desta doença moderna a que chamamos educação, este passar por exames e universidades. Não chamo a isso educação de modo nenhum. É apenas imbecilizar a mente. Mas essa é uma questão diferente.
 
Se pudermos ajudar os outros a se tornarem inteligentes, isso é tudo o que precisamos de fazer. Mas essa é a coisa mais difícil do mundo, porque a inteligência não oferece refúgio das lutas e das confusões da vida, nem dá conforto; somente cria compreensão. A inteligência é livre, sem entraves, sem medo ou superficialidade. Podemos ajudar os outros a se libertarem de aquisitividade, das muitas ilusões e impedimentos que os aprisionam, somente quando começarmos a nos libertar. Mas temos esta extraordinária atitude de querer melhorar as massas enquanto somos ainda ignorantes, enquanto estamos ainda presos às superstições, à aquisitividade. Quando começarmos a libertar-nos, então ajudaremos os outros natural e verdadeiramente.” – Jiddu Krishnamurti, filósofo, escritor e educador indiano falecido em 1986 aos 99 anos de idade.
 
Durante os estudos na Escola de Redes do Augusto de Franco, encontrei uma “tradução” para esta inteligência livre, citada por Krishnamurti. A possibilidade de diminuir a pobreza e a escassez de um povo está diretamente ligado a capilaridade da rede em que se sustenta esta comunidade. Resumindo, aumente as conexões significativas deste grupo que a própria inteligência local se encarregará do restante. É ou não é o que Ernost Siroli se propõe a fazer?
 
Em um mundo que pensa soluções de forma massificada, considerar preceitos como respeito, liberdade e inteligência local podem fazer a diferença na criação de negócios mais sustentáveis, que façam não só sentido para você, mas também para o cliente e para a comunidade onde, de alguma forma, estamos inseridos.

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Luciana Kimi

É especialista em Gestão Colaborativa, Design de processos e negócios. Entende que a vida é uma prática de constante transformação, por isso mantém o ayurveda como filosofia e a paixão pela dança e pela arte como fontes de inspiração. É mãe de uma menina linda, atualmente seu maior tesouro