Arthur Rufino, CEO da JR diesel, conta como superou a crise de 2009 que a empresa enfrentava


Em momentos de crise é muito comum que empresas interrompam frentes de inovação e construção de qualquer coisa que não traga resultados de curto prazo para poder focar no dia-a-dia, no “presente”. Mas, o que é presente?

Em 2008, ao final da concordata da JR Diesel, iniciamos um grande trabalho de reestruturação da empresa que passou 5 anos apenas quitando compromissos financeiros e reerguendo o faturamento, sem investir um Real sequer em estrutura ou inovação. Mesmo sem capital para novos projetos, arriscamos tudo novamente e construímos o “desmanche ideal” para o mercado brasileiro, do tipo que poderia ser usado como base para uma regulamentação do setor. Ao invés de focar apenas na compra de veículos para desmontar mais e aumentar o faturamento no curto prazo, investimos pesado em equipamentos, sistemas, processos, treinamentos, relacionamento e viagens, apostando que, no futuro, nosso mercado corria o risco de ser proibido já que a esmagadora maioria das empresas era ilegal.

Os resultados não demoraram a vir. Passamos a ter presença constante nas principais mídias de negócios, transporte e TV aberta, iniciamos parcerias institucionais de altíssimo nível com seguradoras, montadoras, governos e etc. Iniciamos uma grande e positiva mudança de mentalidade sobre nosso segmento e começamos a colher frutos financeiros acima do esperado por essas ações que tinham apenas um foco institucional.

O que era futuro em 2009 virou presente em 2013 e o Governo de São Paulo soltou um projeto de lei para proibir a atividade de desmontagem de veículos com foco em reuso de peças visando a redução do roubo de veículos. Rapidamente, tudo o que construímos na JR Diesel, de estrutura a relacionamentos, virou material para converter o projeto de proibição em uma lei que regulamentou o segmento e gerou oportunidades inimagináveis para nossa empresa até então.

Respondendo à pergunta inicial, o presente nada mais é do que o futuro de ontem. Deixar de planejar o futuro de uma empresa é como esperar a colheita de algo que não plantou. Inovar não é criar aplicativos, planejar o futuro não é perder tempo com projeções lunáticas. A inovação em uma empresa deve ser algo tão constante quanto a folha de pagamento dos funcionários, principalmente em um mercado que muda tão rapidamente e é desafiado por todo o tipo de crises, mudanças e evoluções no consumo. Se sua empresa insiste em “viver” apenas o presente porque é realista, ela já está no passado há muito tempo.

Arthur Rufino

Diretor de Marketing e Desenvolvimento da JR Diesel, uma das maiores empresas de reciclagem de caminhões do Brasil, que fatura mais de 50 milhões de reais por ano.