Quando você chamar alguém para um projeto que envolve a palavra “colaboração”, certifique-se das trocas envolvidas


Este dias pensei sobre alguns mitos que assombram a palavra colaboração, mas um deles me chama mais atenção por envolver remuneração.
 
MITO #1 GESTÃO COLABORATIVA é trabalhar como voluntário e não receber nada por isso. ‪#‎sóquenão‬

"A palavra colaboração está um tanto desgastada como jeans surrado dentro do armário. Mas vamos colocar os pingos nos is!

Quando você decide colaborar com qualquer pessoa, grupo ou organização você é partícipe no processo. A ideia de que colaborar é onde só um faz e outro recebe está equivocada. Trata-se de duas vias: eu dou e eu também recebo. Não tem a ver com assistencialismo."
 
Vamos desenvolver contando alguns casos…
Um amigo se envolveu em um projeto de um famoso consultor, autor de livros, gestor de cursos, enfim uma referência na área. Este amigo convidado para o projeto, se empolgou com as possibilidades futuras do tipo: olha não vou te pagar por este trabalho, mas lá na frente quando isto der certo… ficaram as possibilidades… poderia ser um novo negócio? Poderia ser indicação para novas parcerias? Poderia… nada definido, mas tudo combinado. Bom, o final da história é que este amigo trabalhou muito, “ralou" nos finais de semana. O resultado do seu trabalho foi apresentado em grandes conferências empresariais, foi base para criação de um novo negócio e por insistência (dele, o meu amigo) teve apenas seu nome citado como um dos co-autores e um “muito obrigado, você deveria é agradecer por ter trabalhado comigo!"
 
Outro caso (este aconteceu comigo):
Outro consultor, também igualmente famoso, desenvolveu uma ferramenta muito útil para as empresas e quis multiplicar os facilitadores que a utilizavam. Pois bem, eu fui umas das facilitadoras treinadas, mas por algum tempo decidi apenas observar para aprender os macetes da facilitação. Investi tempo e dinheiro (lê-se transporte e alimentação) para acompanhá-lo. Diga-se de passagem que este consultor me permitiu navegar em seus clientes, confiou  na minha discrição e permitiu que eu aprendesse observando casos reais, tomando notas e sanando dúvidas. Quando me senti segura, abriu portas para que eu o representasse em determinados clientes, me remunerando muito bem por isso.
 
O problema acontece quando a pessoa acha que colaborar é igual a famosa “ajuda". Ajuda nós pedimos para familiares e quiça amigos, eles o farão porque querem de verdade, isto é, do coração, ajudá-los. Mas pensa bem, quando você chama pessoas não tão próximas para participar de um projeto e propõe uma troca de serviços, uma remuneração por resultados, você deve estar ciente dos riscos envolvidos, principalmente se você não é transparente no quesito dinheiro ou captação de recursos. Então meu caro, você não poderá cobrar as pessoas envolvidas usando a palavra colaboração… Colaboração envolve confiança, envolve transparência no ato e principalmente, envolve a liberdade do outro em tomar a decisão com todas as cartas na mesa.
 
É um canal de duas vias! Seu quero algo, eu preciso dar este algo. Seu eu quero confiança, preciso primeiro confiar no outro. Entende o que eu quero dizer?
Quais lições aprendidas? Quando você chamar alguém para um projeto que envolve a palavra “colaboração”, certifique-se das trocas envolvidas. Não necessariamente todas as trocas são monetárias, mas você e o parceiro precisam estar certo disso. Por isso posso afirmar que esta forma de interação nos leva a pensar e agir com mais transparência e protagonismo, estimulando a confiança, nos fazendo questionar o modo centralizado de tomar as decisões, isto é, unidirecional.

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Luciana Kimi

É especialista em Gestão Colaborativa, Design de processos e negócios. Entende que a vida é uma prática de constante transformação, por isso mantém o ayurveda como filosofia e a paixão pela dança e pela arte como fontes de inspiração. É mãe de uma menina linda, atualmente seu maior tesouro