Luiz Garcia, presidente do Conselho Administrativo do Grupo Algar, ajudou a dar continuidade aos negócios do pai e fez o empreendimento prosperar



Durante o primeiro episódio do Estudo de Caso de Luiz Alberto Garcia conhecemos como foi o início da trajetória empreendedora de sua família, que começou com seu pai, Alexandrino Garcia, imigrante português que chegou ao Brasil na década de 20 e trabalhou como pedreiro, ferreiro e mecânico para sustentar a família até que em 1930 fundou o seu primeiro negócio, uma máquina de beneficiar arroz.

Luiz Garcia acompanhou desde cedo o rumo dos negócios do pai e ainda quando criança, ao acompanhar uma visita a um fornecedor da máquina de beneficiar arroz, deparou-se com um pequeno gerador em funcionamento e aí, naquele momento, soube que queria aprender como aquilo funcionava e transformava água em energia elétrica. Esse momento, ao acompanhar a rotina do pai, foi essencial para a tomada de decisão por cursar a faculdade de Engenharia Elétrica.

A influência do pai e os valores da família acompanharam os negócios desde o princípio. Luiz conta que aprendeu a raciocinar na pior hipótese e estar sempre preparado para enfrentar o pior cenário. Além disso, para ele, o lucro é uma consequência da coisa bem feita. É preciso fazer da melhor forma possível e analisar a fundo o que o cliente necessita. A visão de qualidade é uma herança herdada. É melhor fazer bem feito desde o início.

O Surgimento da CTBC

Percebe-se isso pela tradição da companhia, que começou com a máquina de beneficiar arroz, evoluiu para novos horizontes com a compra de um posto de gasolina durante a Segunda Guerra Mundial, e posteriormente viu-se a oportunidade de investir no setor de Telecomunicações. Foi criada, então, a Companhia de Telecomunicações do Brasil Central (CTBC) em 1954. A principal motivação de Alexandrino Garcia ao fundar a empresa de telefonia foi resolver um problema: como aprimorar os serviços de comunicações da cidade de Uberlândia já que essa deficiência se configurava em um obstáculo para o crescimento dos negócios locais, sobretudo do comércio (Alexandrino Garcia era Presidente da Associação Comercial da região). A visão a respeito da lucratividade do negócio não estava em primeiro plano.

Luiz Garcia era adolescente e viu o pai ser duramente criticado pela decisão de criar uma empresa especializada em oferecer serviços de telefonia para a região, primeiro, porque a decisão envolvia questões políticas, segundo, porque para muita gente o investimento não valia a pena e seria gasto dinheiro fora.

Mas a visão mais uma vez se sobressaia e enxergava oportunidades que iam além. Quando a CTBC começou a operar, os serviços de telefonia chegavam até pequenas vilas e vilarejos. Ninguém entendia o porquê da empresa insistir em fazer esse tipo de movimento, já que não dava lucro. Percebemos um elemento importante nesse caso que é a preocupação em atender da melhor forma e levar o serviço a todos, independentemente, do lucro já que ele viria no decorrer dos anos com o aumento da demanda e atendimento das cidades grandes, como Uberlândia, compensando o esforço inicial.

Quando a CTBC foi fundada, Luiz Garcia era jovem e seu pai estava com 55 anos. Naquela época, a companhia era detentora de 500 linhas telefônicas. Alguns anos mais tarde, em 1961, depois de fazer um estágio remunerado na Ericsson, na Suécia, Luiz Garcia retorna e se torna o primeiro engenheiro elétrico da CTBC. Ele conta que, apesar de ser filho do dono do negócio, era cobrado igualmente ou senão mais e, inclusive, não havia benefícios só porque era um dos herdeiros e ganhava metade do salário que seus amigos recebiam na época.

Ao olharmos a trajetória do empreendedor fica claro dois elementos muito importantes. O primeiro é a influência que o pai de Luiz teve em seu desenvolvimento e a referência que ele se tornou para o empreendedor. Características como olhar apurado, senso de oportunidade e pulso firme nas tomadas de decisão são traços importantes de Seu Alexandrino que também são percebidos na gestão de Luiz Garcia e na forma como ele lidou com os negócios participando ativamente da expansão e crescimento da CTBC.

O segundo elemento que devemos prestar atenção é a essência do negócio, que possui características importantes como a valorização do cliente que se mantiveram ao longo dos anos e é, inclusive, um dos valores presentes na empresa: “Cliente, nossa razão de existir”.

Lições importantes

Podemos tirar aprendizados valiosos da trajetória de Luiz Garcia e seu pai. Há elementos importantes que devemos observar que podem ajudar muitos empreendedores na difícil missão da consolidação e prosperidade de um negócio. Esses elementos são:

Visão de futuro: ao investir na CTBC, a família Garcia apostou em um setor que poucas pessoas viam possibilidade de lucro. Foram criticados, tiveram que enfrentar as dúvidas que envolviam não só questões políticas intensas como também a dificuldade técnica em instalar as linhas telefônicas. Foi preciso anos de investimento, mas o tempo provou que os esforços valeriam a pena. A CTBC, que décadas mais tarde se tornaria a Algar Telecom, passou das 500 linhas telefônicas atendidas no início para mais de 2 milhões, entre linhas fixas e móveis, nos dias de hoje.

Atendimento diferenciado ao cliente: ao optar por levar as linhas telefônicas da CTBC até vilas e vilarejos percebeu-se o interesse pelo desenvolvimento da região em si e não somente o interesse pelo lucro e retorno rápido.

Diversificação: o Grupo Algar começou como uma máquina de beneficiar arroz, posteriormente, investiu-se em um posto de gasolina até que surgiu a oportunidade de começar a prestar serviços de telefonia. Essa característica demonstra não só a percepção de oportunidade como também uma característica que iremos estudar mais adiante, nos próximos capítulos, que é a diversificação na área de atuação da empresa. A família Garcia soube não apenas se inserir em diferentes mercados como também demonstraram capacidade para gerir esses negócios.

Perenidade: são mais de 80 anos de atuação e o Grupo Algar conseguiu consolidar o seu legado. Hoje, com atuação em todo o Brasil e países da América Latina, a Algar conta com o talento de cerca de 23 mil associados para atender mais de 2 milhões de clientes oferecendo soluções para empresas e pessoas por meio da atuação nos setores de Telecomunicação, Agro, Serviços e Turismo faturando cerca de R$ 5 bilhões por ano.

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