Luciana Kimi aborda como as empresas lidam com a crise partindo para uma mudança estrutural ou corte de despesas


Entre os diversos textos que li recentemente sobre como podemos atravessar o momento da crise, um me chamou a atenção! Chama-se “As empresas diante da crise”, publicado recentemente peloAugusto de Franco, um dos principais articuladores da Escola de Redes.

O texto fala basicamente sobre o enfrentamento da crise sob a ótica da redução de custos, não aqueles que estamos acostumados, tais como pessoal, custos diretos mensuráveis, racionalização de processos, aumento de eficiência, mas aqueles invisíveis inerentes a qualquer empresa que ainda não percebeu que as relações humanas podem ser o caminho para manter a inovação. “As empresas feitas para durar, são empresas feitas para se transformar”, sem inovação, as empresas estão fadadas a desaparecer. A expectativa de vida de uma empresa no início do século passado era de 75 anos, hoje não passa dos 15 anos.

Dentro da minha jornada como Designer de Processos, sempre usei a filosofia Lean como base de transformação, mas desde que comecei a estudar redes sociais ou como as pessoas se inter-relacionam, venho adaptando a aplicação dos conceitos sob esta nova ótica. E uma das coisas mais importantes que aprendi foi que somos treinados para sermos hierárquicos, não somos assim… podemos nos relacionar de outra forma, mais em rede, é um novo aprendizado. E é com este novo olhar que convido-os a observar os custos invisíveis que são provocados pelos sistemas tipo comando-e-controle.

Para muitos a inovação está focada em mudar radicalmente os produtos, serviços ou processos e para ter impacto precisam ser disruptivas, certo? Nem sempre, o Lean prega a melhoria contínua, observar os desperdícios e reduzi-los sem afetar o fluxo de valor percebido pelo cliente.
Em momentos de crise cortamos os investimentos e iniciamos a redução de custos, ativamos o “modo sobrevivência”. Muitos são os que pregam que é a crise é uma grande oportunidade para inovarmos, e uma das formas de inovar, é parar de repetir modelos saturados. Então que tal observar os custos sob um novo ângulo? Tentei fazer um breve resumo:

É custo não adotarmos uma plataforma de gestão compartilhada (virtual, sem distância, funcionando em tempo real) porque temos medo das restrições reais e imaginárias da legislação trabalhista, a consequência é o baixo aproveitamento da potencialidade do capital humano disponível;
É custo o esforço que temos que fazer para alcançar sinergias que não surgem espontaneamente. Ex: departamentos que não se comunicam, pessoas que não se conversam, excesso de competição interna, enfim verdadeiros feudos. Consequência: muitas pessoas fazendo a mesma coisa, contratando serviços para projetos diferentes mas com o mesmo objetivo, e por fim, não compartilhando aprendizados, fazendo com que o erro se repita ou se propague;

E finalmente, é custo o atrito de gestão: organizações mais centralizadas do que distribuídas que obrigam os fluxos a terem caminhos únicos, quanto mais longo o caminho, maior o atrito. Alguns exemplos: os modelos de organização vertical que provocam a alienação do trabalhador que não sabe bem o que está fazendo; a falta da democracia dentro das empresas; os controles feitorais (pessoas controlando outras pessoas) e o aprisionamento de corpos (há trabalhos que não requerem presença física, mas o comando-e-controle instiga a desconfiança, e as pessoas costumam corresponder na mesma moeda);

Já pensou em monetizar estes custos? Mesmo que você reduza os custos com o corte de pessoal, estes custos invisíveis continuarão a existir, aliás com menos gente fazendo as mesmas coisas, eles até tendem a aumentar.
E por outro lado, já pensou em fazer diferente?

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Luciana Kimi

É especialista em Gestão Colaborativa, Design de processos e negócios. Entende que a vida é uma prática de constante transformação, por isso mantém o ayurveda como filosofia e a paixão pela dança e pela arte como fontes de inspiração. É mãe de uma menina linda, atualmente seu maior tesouro