A crise financeira global de 2008 foi uma importante impulsionadora da economia colaborativa, tornando as pessoas mais conscientes quanto à necessidade de otimizar recursos


Quando uma ideia é capaz de atender a uma necessidade do mercado podemos considerar que estamos num ótimo início de processo empreendedor. Talvez você possa se perguntar, mas o que vem primeiro, a boa ideia ou a identificação dessa necessidade? Ora, se você for uma pessoa antenada, que acompanha as evoluções do mercado, que está atenta às tendências, certamente não se preocupará com isso, afinal, a qualificação da sua ideia estará diretamente associada ao potencial que ela tem de satisfazer uma necessidade ou até de criar uma nova necessidade no mercado. De acordo com os principais ensinamentos da inovação, do que vale uma ideia se ela não for capaz de gerar resultado? Lembrando que resultado está relacionado, de uma forma ou de outra, a satisfazer uma necessidade. Concorda comigo?

O mais incrível é que muitas vezes, dependendo da maneira como analisamos as informações do mercado, podemos cair na armadilha de não perceber o lado positivo e empreendedor que elas nos oferecem, por mais pessimistas que eventualmente elas sejam. Por outro lado, quando adotamos uma postura de “vender lenços ao invés de chorar” frente às situações e ambientes adversos, mais do que boas ideias, mas verdadeiros movimentos de potencial empreendedor podem florescer. Um ótimo exemplo disso é a economia colaborativa, que você, certamente, já ouviu falar. Mas do que ela se trata? Ou melhor: o que ela representa?

Podemos considerar que a economia colaborativa surgiu de um pacotão de informações negativas, de um contexto adverso, ou até da verificação de ameaças no ambiente externo. Se o trânsito não fosse tão caótico e o sistema de transporte urbano não fosse tão deficiente, será que faria sentido ter a ideia de dividir o meu carro com outra pessoa, de dar uma carona para alguém?

Isso é economia colaborativa! Mas muito mais do que uma ideia, ela representa uma completa mudança na forma de fazer negócios, uma verdadeira transformação no paradigma “empresa – cliente”. Se no modelo tradicional empresas oferecem produtos e serviços para clientes, ou usuários, nessa nova economia, são os próprios usuários que oferecem produtos e serviços para outros, os quais usam do mesmo modelo para colaborar com outras pessoas oferecendo ainda outros produtos e serviços, e assim sucessivamente. É justamente na intermediação dessas relações que surgem os novos negócios da economia colaborativa. E aí voltamos à pergunta: o que vem primeiro, uma boa ideia ou uma necessidade do mercado? A meu ver, são lados de uma mesma moeda, são questões indissociáveis do processo empreendedor.

De acordo com matéria da revista IstoÉ Dinheiro, a crise financeira global de 2008 foi uma importante impulsionadora da economia colaborativa, tornando as pessoas mais conscientes quanto à necessidade de otimizar recursos, da importância de um consumo colaborativo, tendo como consequência até a redução de custos, pela exploração da capacidade ociosa de outros consumidores. Assim, negócios tradicionais como do setor hoteleiro, de transporte urbano, do varejo em geral e de serviços têm experimentado uma profunda transformação, que coloca em cheque até as regras e políticas fiscais dos estados, sem falar do profundo incômodo entre as empresas do modelo tradicional.

O que falar das bicicletas cor de laranja espalhadas pela cidade de São Paulo, reconhecendo inclusive o apelo de marketing do projeto? E as iniciativas não vêm apenas do setor privado. Segundo matéria da Exame publicada no mês passado, na Coreia do Sul, a prefeitura da cidade de Seul montou uma frota de carros elétricos colocando-os à disposição da população em várias estações espalhadas pela cidade, além do programa que permite o aluguel de garagens nos horários em que as pessoas estão no trabalho, entre vários outros exemplos, que vêm inclusive de outras importantes cidades do mundo como Barcelona e Nova York.

Portanto, atenção! Mais do que falar sobre a economia colaborativa, a questão é fazer você pensar sobre como anda o seu “radar” empreendedor. Lembre-se: o nível de criatividade e potencial de sucesso de suas ideias tem a ver com sua capacidade de obter, traduzir e interpretar informações de maneira correta, livre de preconceitos, paradigmas, crenças. Esteja atento e veja o mundo com outros olhos. Veja o mundo com olhos empreendedores.

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Flávio Cordeiro

Profissional com mais de 15 anos de experiência executiva nos segmentos editorial, eventos e educação executiva. Respondeu pelas áreas de marketing, planejamento e operações em empresas líderes de mercado como Folha de São Paulo, Valor Econômico e HSM do Brasil, onde foi responsável pelo planejamento estratégico, na função de diretor de marketing. Foi um dos executivos fundadores do jornal Brasil Econômico como diretor de mercado leitor, além de participar de projetos de reestruturação de canais e lançamento de novos produtos em âmbito nacional. Fundador da consultoria GD4 Estratégia &Gestão, que tem como foco o desenvolvimento de mentalidade e execução estratégica de empresas. Atua como palestrante, consultor e professor na área de estratégia, com participação nas bancas examinadoras de marketing, estratégia e TCC da ESPM. Mestre em Administração de Empresas pelo Mackenzie, com MBA em Gestão Empresarial pelo Ibmec-SP. Graduou-se em Engenharia de Produção pela FEI e participou das especializações em Comunicação Corporativa da Fundação Getúlio Vargas e Gestão de Mudanças da Business School São Paulo.