Ele ficaria surpreso com o tanto de mudanças ocorridas: avião, helicóptero, carro, moto, semáforo, shopping center, escada rolante, entre outras… mas se entrasse na sala de aula de uma escola, ele não estranharia.
Nos últimos séculos, tudo mudou, menos as escolas.
A grande maioria continua fisicamente igual e com o mesmo fluxo:
PROFESSOR: QUADRO NEGRO – PASSA CONTEÚDO
ALUNO: CADERNO – COPIA CONTEÚDO
PROFESSOR: CRIA PROVA E GABARITO
ALUNO: RESPONDE PROVA DE ACORDO COM CONTEÚDO COPIADO
PROFESSOR: CHECA SE RESPOSTAS BATEM COM GABARITO
Uma pessoa – o professor – passa informações através de um quadro negro, enquanto outras – os alunos – copiam, decoram e fazem testes padronizados com o objetivo de gabaritar, ou seja, responder tudo conforme o que lhe foi transmitido nas aulas.
O problema mais óbvio desse fluxo é que ele privilegia a decoreba em detrimento da aprendizagem. O aluno armazena o conhecimento na memória de curto prazo, já que o objetivo é tê-lo até a data o teste.
Porém, o mais grave disso é que estimula todos a chegar no mesmo resultado. Os alunos se acostumam a sempre buscar a resposta esperada pelo professor e qualquer outra fora do padrão é considerada um erro.
Por exemplo:
Problema: Um pedreiro constrói uma casa em trinta dias. Em quanto tempo dois pedreiros constroem a mesma casa? |
Resposta certa: metade, 15 dias. |
Essa resposta é correta, mas será que é a única?
E se o aluno defender:
O dobro, 60 dias, afinal, eles vão ficar conversando e vão perder produtividade.
Outro exemplo:
Problema: uma pessoa come um saco de pipoca em meia hora. Em quanto tempo duas pessoas comem o mesmo saco de pipoca? |
Resposta certa: metade, 15 minutos. |
E se o aluno defender:
5 minutos, afinal, vai aumentar a velocidade média de cada um pegar pipoca, pois vai rolar uma competição.
Provavelmente, ambos levariam um zero. Mas será que as respostas estão de fato erradas ou apenas não atendem à resposta esperada – a do gabarito?
Durante os mais de dez anos que passamos na escola, recebemos basicamente as seguintes mensagens subliminares:
- um problema só tem uma única resposta certa;
- uma vez que ela seja encontrada, é perca de tempo continuar procurando outra;
- se você ousar ser criativo, leva nota zero, portanto, não vale a pena.
Mas isso tudo é falso.
Um problema normalmente tem várias soluções e a primeira resposta certa encontrada, normalmente, é a óbvia, portanto, vale a pena sim o esforço criativo para chegar numa solução diferenciada.
Um exemplo do mundo corporativo:
Problema: Precisamos fazer um evento temático para premiar colaboradores
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Resposta certa: Vamos fazer como se fosse uma premiação do Oscar.
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Essa solução é certa, afinal, atende aos requisitos do problema, mas será que é criativa?
A vontade de se contentar com primeira resposta certa é forte, afinal, ela resolve o problema. Mas, se nos conformarmos com isso, ficaremos sempre no óbvio.
Portanto, ao encontrar a primeira resposta certa, não considere que encerrou o problema. Considere, sim, que esse é o momento de iniciar a busca pela solução criativa.
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