Chego a MeuSucesso.com pensando na mordida do uruguaio Luis Suárez no ombro do jogador italiano, que me fez pensar em Darcy Ribeiro.
Você conhece Darcy Ribeiro? Muita gente aqui não deve conhecê-lo, imagino, mas é daqueles brasileiros que merecem lugar na memória. Eu o defino sobretudo como um grande empreendedor na área que escolheu.
Morto em 1997, esse mineiro misto de antropólogo e educador (e também politico, caminho que trilhou para implementar suas ideias) foi pioneiro e original em muitos campos, tornou-se um líder absurdo, deixou um senhor legado, divertiu-se o tempo todo com o que fez, e internacionalizou-se – quatro objetivos que, a meu ver, todos empreendedores deveriam perseguir para gerar o assim chamado “alto impacto”.
Do pioneirismo de Darcy, basta contar que, um pouco antes de morrer, em 1997, ele estava lutando pelo fortalecimento da educação a distância no Brasil, por meio da Universidade Aberta, assunto de cuja relevância só estão se dando conta agora, quase 20 anos depois. Também a ele se atribui a iniciativa da escola em tempo integral, que poderia ter iniciado uma revolução numa area que continua atrasada no País e é a maior razão isolada de nosso deficit de competitividade.
Quanto à liderança, os seguidores de Darcy até hoje choram sua ausência. Esses liderados sentiam paixão por esse líder, fechavam 100% com ele, algo cada vez mais raro de ver.
Do seu legado, vou destacar quatro pontos:
• Seu livro “O Povo Brasileiro – A Formação e o Sentido do Brasil” (de 1995) é unanimemente considerado crucial para quem quer entender o Brasil. (Contra a corrente, descrevia o Brasil como um “moinho de gastar gentes”, quer maior precisão?)
• Ele fundou a Universidade de Brasília (UnB), uma das melhores e mais diferenciadas do País.
• Ele redigiu o projeto do Parque Nacional do Xingu, para preservar nossa cultura indígena, que é uma instituição espetacular, avançadíssima, reconhecida em todo o mundo.
• Ele criou uma fundação antes de morrer, que leva seu nome e que mantém seu pensamento.
Por fim, Darcy Ribeiro divertiu-se a valer com suas empreitadas (ele é descrito por todos como um amante da nossa cultura e da boa vida e admitiu ser um homem de sorte) e internacionalizou-se de fato, no sentido de ser um dos intelectuais brasileiros de maior prestígio internacional.
O conselho do empreendedor Darcy Ribeiro que eu queria compartilhar aqui é este, transcrito entre aspas:
“Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Ou seja, temos de fazer um empreendimento que valha a pena. Não é qualquer coisa que serve.
E, de preferência, sendo pioneiro/original, sendo líder, construindo um legado, divertindo-se e, sempre, com ambição internacional.
Ah, sobre o porquê de o Luis “Hannibal” Suárez me lembrar Darcy? É que este estudava hábitos dos índios, como o canibalismo.
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