Como superar as dificuldades e as adversidades geradas pelo fracasso de um novo negócio


Para muitos, essa frase pode parecer um tanto quanto paradoxal, mas ela traz um realismo muito importante para o contexto do empreendedorismo. É muito difícil ter consciência e reconhecer a importância da reflexão sobre o que fazer caso o negócio não der certo, afinal, nunca começamos um projeto pensando no seu fracasso, e já vou adiantando que não é essa a proposta, mas aceitar essa realidade pode ser a chave do seu sucesso como empreendedor. 

E aqui está a grande questão! O foco desse artigo não está no sucesso ou insucesso do seu negócio especificamente, aquele que você eventualmente está desenvolvendo nesse exato momento, mas no “seu” próprio sucesso, como empreendedor. Portanto, a ideia não é tratar do último passo, mas do primeiro passo após o último, o da retomada, aquele que o manterá na rota para se transformar num grande empreendedor, independentemente de qual iniciativa você estiver trabalhando: primeira, segunda, terceira…

Se considerarmos as estatísticas do setor, apenas uma parcela pequena dos negócios empreendedores dá certo, sem falar na parcela de negócios que sequer decola. Segundo reportagem publicada na revista HSM Management, nos Estados Unidos os investidores absorvem três projetos a cada cem apresentados, e no Brasil o caminho tem sido o mesmo. Mas o que fazer nesses casos? Parar? Desistir? Achar que esse negócio não é pra você? Não! Trata-se de uma questão de foco e, nesse caso, o foco deve estar, primeiramente, em você!

Para ilustrar o que estou dizendo, gostaria de comentar uma matéria muito interessante publicada no site da revista Fast Company (www.fastcompany.com), que trouxe experiências marcantes vividas por alguns empreendedores de sucesso que deram a volta por cima após suas startups terem fracassado. De forma sintetizada, apresento abaixo os principais insights e lições tirados dessas experiências com o fracasso.

•    Você pode até lamentar, negar, ficar com raiva e depressão, mas precisa aceitar a sua parte de responsabilidade pelo fracasso e mudar seu comportamento para dar a volta por cima.
•    O empreendedor deve estar aberto ao fracasso da mesma maneira que está para o sucesso, pois empreender é caminhar no limite entre essas duas realidades.
•    Não buscar culpados e entender seus erros para não cometê-los no próximo negócio, afinal, os erros fazem parte do processo.
•    Da mesma maneira que o empreendedor deve ter fé no seu negócio, deve também ter a coragem e saber a hora de cortar a corda.
•    É fundamental ter controle emocional, consciência dos seus verdadeiros objetivos e se desapegar do que não deu certo.

Enfim, se juntarmos todos esses aspectos para tentar chegar numa característica central que o empreendedor precisa ter para dar o primeiro passo após o último, eu chamaria de “resiliência”. Se você não tem familiaridade com esse termo, o conceito de resiliência vem das ciências exatas, como na física, e representa a capacidade que um material possui de voltar ao seu estado normal, ou original, após ser submetido a algum tipo de pressão. Analogamente, no campo da psicologia, de onde os estudos da administração também se baseiam, a resiliência é tratada como a capacidade da pessoa passar por certo período de pressão, de dificuldade, de alto nível de stress e conseguir voltar ao seu estado normal.

Mas gostaria de enfatizar que, para o processo empreendedor, o grande desafio não é voltar apenas ao estado original, mas voltar ainda melhor. Trata-se de uma resiliência que nos faz crescer, aquela que nos faz suportar os momentos difíceis e dar a volta por cima, não apenas mais fortalecidos emocionalmente, mas com maior sabedoria, aproveitando os ensinamentos que as adversidades nos ofereceram. 

Por isso, analisar somente histórias de sucesso pode não ser suficiente para o nosso processo de aprendizagem e de enriquecimento do repertório empreendedor. Na maioria das vezes, são nas histórias de fracasso que estão as grandes lições para superarmos nossos desafios, nossas incertezas, nossos obstáculos. O que seria de Steve Jobs se ele tivesse desistido de tudo, quando foi demitido de sua própria companhia, em 1985? E o que dizer de Thomas Edison? Enfim, esses são alguns exemplos que mostram a importância de dar o primeiro passo para transformar os fracassos nas alavancas do sucesso.

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Flávio Cordeiro

Profissional com mais de 15 anos de experiência executiva nos segmentos editorial, eventos e educação executiva. Respondeu pelas áreas de marketing, planejamento e operações em empresas líderes de mercado como Folha de São Paulo, Valor Econômico e HSM do Brasil, onde foi responsável pelo planejamento estratégico, na função de diretor de marketing. Foi um dos executivos fundadores do jornal Brasil Econômico como diretor de mercado leitor, além de participar de projetos de reestruturação de canais e lançamento de novos produtos em âmbito nacional. Fundador da consultoria GD4 Estratégia &Gestão, que tem como foco o desenvolvimento de mentalidade e execução estratégica de empresas. Atua como palestrante, consultor e professor na área de estratégia, com participação nas bancas examinadoras de marketing, estratégia e TCC da ESPM. Mestre em Administração de Empresas pelo Mackenzie, com MBA em Gestão Empresarial pelo Ibmec-SP. Graduou-se em Engenharia de Produção pela FEI e participou das especializações em Comunicação Corporativa da Fundação Getúlio Vargas e Gestão de Mudanças da Business School São Paulo.