"Aqui no Brasil a gente não aceita bem a ideia de fracassar. É diferente dos Estados Unidos, onde a cultura do fracasso é muito mais aceita". Você já ouviu estas frases em algum lugar? Provavelmente sim. Elas são repetidas em todos os eventos e artigos que lemos, quase como um prêmio de consolação pelos nossos fracassos. Só quem já falhou (todo mundo) sabe como é ruim a sensação. É péssima! Não é legal falhar!
Mas o fracasso não é certeza de sucesso futuro, ao contrário do que muitos dizem. Fracasso é apenas isso, fracasso. As falhas só se tornam uma vantagem competitiva de verdade quando o empreendedor aprende. Ou seja, ele não só não vai cometer os mesmos erros que o levaram ao fracasso, mas também extrai uma série de outros aprendizados. Podemos dizer, então, que o bacana não é falhar, mas aprender. E não aprendemos apenas com o fracasso, mas com o sucesso e todas as coisas entre um e outro. Quem aprende, e está aberto a entender melhor como tudo funciona, é quem ganha a corrida.
Acredito que as pessoas se tornam bem sucedidas naquilo que fazem de várias formas diferentes. Não é porque o Richard Branson criou centenas de variações da marca Virgin que isso é uma boa estratégia para você. Assim como copiar os hábitos (alguns, péssimos) do Steve Jobs nao vai garantir que sua empresa valha um bilhão. Todos vencem do seu jeito. Mas praticamente todos falham do mesmo jeito e acredito que exista muito aprendizado nestes pontos.
Interagindo com empreendedores o dia inteiro, ouvindo histórias e relatos do mercado, creio que é possível resumir as principais razões de falhas das startups nestes pontos abaixo:
- Acabou o dinheiro – Os empreendedores não se preparam para o que viria pela frente, acreditando que levantariam capital ou começariam a vender rapidamente o seu produto. Eu tenho certeza que várias grandes empresas deixaram de vir ao mundo por causa de um runway curto (tempo de vida da startup). Então planeje-se a ficar pelo menos 18 meses (eu gosto de pensar dois anos) sem receber salário. Alinhe as expectativas com todos envolvidos, especialmente sócios, maridos e esposas.
- Briga entre sócios – Muitas vezes o ego fala mais forte do que a razão. E, infelizmente, as brigas ocasionadas acabam arrastando as empresas ao fracasso. Acordos mal feitos no início e falta de alinhamento de expectativas entre os sócios são a origem deste problema. O desgaste do dia a dia acaba fazendo com que os sócios não consigam mais trabalhar juntos e toda a oportunidade é jogada fora. Esta é uma razão de falha muito comum, portanto preste muita atenção a este ponto!
- Falta alguma competência muito grande na empresa – Este problema acontece quando o time está muito desbalanceado: muito técnico, muito vendas, etc. É possível resolver, mas vai demandar um auto-conhecimento grande do time, além de energia para encontrar novos integrantes da equipe. Algumas vezes alguém do time consegue se capacitar e resolver o problema no curto prazo, mas é algo que necessita constante monitoramento e, principalmente, entender a divisão entre acionista e executivo que cada sócio tem na sua cabeça. As vezes você precisa pensar como acionista e entender que o seu lado executivo pode estar atrapalhando o seu retorno futuro.
- Falta de conversa com clientes – A vantagem deste problema é que ele mata a empresa bem cedo, especialmente se o dinheiro for contado. O time se ilude, acreditando que possui um grande produto, mas não investe seu tempo e energia para buscar a entender cada vez melhor a cabeça dos seus clientes. Só vence a briga quem é absolutamente obcecado pela forma como os clientes pensam.
Nós podemos pensar em várias outras razões, mas creio que estes quatro itens resumem boa parte das histórias que presencio frequentemente. Eu mesmo já cometi alguns destes erros e o importante é estar aberto a identificá-los e fazer o máximo para que eles não prejudiquem o futuro da sua empresa.
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