Chego à conclusão, de que na vida a gente não consegue fugir das escolhas. Não tem como.


Tenho estudado o comportamento humano nestes últimos vinte anos em virtude de trabalhar como Coach,  ou ainda, como facilitador de programas de treinamento e desenvolvimento, focado no desenvolvimento  do potencial das pessoas e quero compartilhar com você algumas descobertas que fiz nesse sentido.

 Chego  à conclusão, de que na vida a gente não consegue fugir das escolhas. Não tem como. Imagine se eu lhe dissesse: “Fulano, escolha”. E, você me respondesse: “Eu, não quero escolher”. Assim mesmo você teria feito uma escolha, não é verdade? Não se pode fugir das nossas escolhas!

Bem, o próximo passo importante que devemos dar é entender o que motiva as nossas escolhas. Cheguei a duas vertentes básicas: escolhemos ou por medo ou por amor. Amor aqui entendido como fé, como acreditar.

Agora, precisamos compreender que cada vez que fazemos uma escolha é como se plantássemos uma semente, metaforicamente falando. Em condições adequadas, cada semente germinará e nos dará uma colheita, não? Assim, se planto abacaxi não poderei colher abacate… Se escolho o medo ao invés do amor logo minha colheita será de medo. Em outras palavras, causa e consequência. Ao não podermos fugir de nossas escolhas não podemos fugir de nossas responsabilidades por elas.

Quero agregar a esta reflexão, mais uma metáfora. Imagine um lago redondo no meio do qual jogamos uma pedra. Ao cair, o que a pedra forma? Um ou vários círculos concêntricos que se espalham ao longo do lago, não? Crio esta imagem, para dizer que o ato da escolha não se encerra na ação de escolher. Ele reverbera por toda nossa vida além de onde nossos olhos e imaginação podem enxergar. Um exemplo: ao escolher fumar, estou também escolhendo minha morte… ou a causa dela.

Mais um exemplo. Vamos supor que, em meu trabalho, eu tenha um chefe autocrático que me chama a atenção aos gritos na frente de meus colegas. Eu não gosto disso. A  partir desse fato tenho a possibilidade da escolha. Ou me calo por medo, ou resolvo mudar este comportamento que não me agrada.

Vamos dizer que eu me cale por medo de perder o emprego. Esta escolha terá várias (colheitas) consequências intra e interpessoais…

Em um primeiro momento, aquilo que não falo por medo, sou obrigado a engolir. Fisicamente começo a sentir azia, depois, gastrite, depois úlcera e assim por diante. Mentalmente torno-me não produtivo. Emocionalmente, posso chegara a um estresse. Espiritualmente, frustro a possibilidade de exercer meu papel profissional na íntegra.

No ambiente de trabalho,  perpetuo o que ocorre sem a possibilidade de contribuir para uma mudança.

Vamos imaginar agora que eu escolha por amor/fé. Nada me garante que eu não seja mandado embora. No entanto, se eu quiser mudar uma situação preciso sempre correr riscos e ter fé, acreditando  que conseguirei.

A alternativa então é chamar este chefe para uma conversa e expressar-lhe que cada vez que faz isto comigo, ele mexe com minha autoestima, diminuindo-a bem como minha autoridade perante os colegas. Posso pedir-lhe para que imagine se fosse ao contrario e ele estivesse em meu lugar. Posso ainda dizer-lhe, que como chefe, tem o direito de chamar-me a atenção, porém, que o faça de outra forma.

Há mais uma reflexão adicional que quero compartilhar com você. Creio firmemente que nossa vida nada mais é que uma grande escola para nos ensinar a lidar com nossos medos. Mais uma metáfora?

Então,  imagine uma faculdade. No primeiro ano, medos simples, no segundo medos sutis, no terceiro medos complexos e assim por diante. Cada vez que passamos de ano nos credenciamos a lidar com desafios diferentes. Quanto mais cedo aprendemos a não fugir, acolher e conversar com nosso medos enfrentando-os, mais cedo nos capacitamos a viver plenamente todos os nossos papéis sociais. Somos seres destinados a vive-los plenamente dando sentido à nossa existência e, muitas vezes, à existência de outros seres humanos.

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Ricardo Farah

Com cerca de trinta anos de experiência em consultoria e planejamento, desenvolvimento e condução de treinamentos, Ricardo Farah é diretor da R. Farah Consultores e presta coach, consultoria e treinamento à empresas. Além disso, é professor sênior da ESPM, UFRJ, IBMEC, entre outras instituições.