Cerca de 65% dos professores estão satisfeitos com iniciativas de empreendedorismo dentro da universidade. Entre os alunos, porém, a média é de apenas 36%


No Brasil, as instituições de ensino superior são as fontes menos procuradas pelos jovens brasileiros que querem empreender. A constatação é do estudo "Empreendedorismo nas universidades brasileiras", realizado pelo Instituto Data Popular encomendado pelo Sebrae e Endeavor.

O estudo mostra também que há uma discrepância sobre o assunto entre alunos e professores. Cerca de 65% dos professores estão satisfeitos com iniciativas de empreendedorismo dentro da universidade. Entre os alunos, porém, a média é de apenas 36%.

Uma em cada cinco instituições não contam com qualquer entidade interna que institucionaliza ações ligadas ao empreendedorismo. Em geral, as instituições de ensino superior só têm disciplinas que inspiram os alunos a darem o primeiro passo. Programas que proporcionam maior visão empreendedora, como criação e gestão de novos negócios, franquias e inovação e tecnologia, estão presentes em somente 6,2% das instituições, indica a pesquisa.

O estudo foi feito a partir de entrevistas com 2.230 alunos e 680 professores de mais de 70 IES, em todas as regiões do País, entre 29 de abril e 13 de maio de 2016.

Professores "consultores"

Em média, 56% dos alunos empreendedores acreditam que iniciativas de empreendedorismo como disciplinas, incubadoras e eventos são essenciais ao prepará-los para empreender, mas somente 38,78% das universidades oferecem essas oportunidades, aponta a pesquisa.

Como consequência, a universidade não é vista como ponto de apoio do aluno empreendedor. Do total de empreendedores universitários entrevistados, mais da metade (51,6%) não conversa com seus professores sobre negócios.

Outras experiências

Os resultados mostram que o Brasil segue na contramão internacional quando comparado com outros países. O Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT) oferece 60 cursos relacionados a empreendedorismo, muitos com aplicação prática. Com isso, 30 mil empresas de ex-alunos da instituição estão ativas, empregavam 4,6 milhões de pessoas e geravam receitas anuais de US$ 1,9 trilhão em 2014.

Na Universidade de Tel-Aviv, há uma empresa autônoma chamada Ramot, que já foi berço de 65 start-ups e 198 licenças, além de 20 medicamentos e tratamentos médicos baseados em propriedade intelectual da instituição que estão sendo desenvolvidos.

Ações necessárias

“Reforçar o conteúdo de empreendedorismo nas universidades é estratégico para o desenvolvimento da economia", afirma o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos. Um em cada quatro universitários tem ou quer ter um negócio próprio, mas eles precisam de mais estímulo no ambiente que frequentam em uma fase muito importante da vida, de pensar o início da carreira profissional”, defende.

Juliano Seabra, diretor-geral da Endeavor, sugere três direcionamentos para as universidades brasileiras no que se refere ao assunto. "Primeiro, que elas deixem de oferecer iniciativas fragmentadas, ou focadas em inspiração, e ofereçam um ciclo com suporte às diferentes fases do aluno empreendedor, desde discussões introdutórias, passando por práticas de prototipação, até a abordagem de temas como gestão e escala", explica.

"Além disso, é importante garantir o acesso ao ensino de empreendedorismo para uma cartela mais variada de cursos e níveis, e torná-lo mais transversal, a fim de estimular a troca entre os diferentes perfis. E por fim, fortalecer a conexão dos educadores com o mercado, seja trazendo mais empreendedores para a sala de aula, seja aproximando os alunos de redes de alumni", considera Juliano.

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