Cabe ao empresário conhecer a realidade onde vive e definir a melhor maneira de conduzir seu negócio ao propósito definido


Uma boa estratégia se caracteriza pela sua solidez frente às mudanças de humor da economia e da política. Mesmo que sejam necessários ajustes, o propósito se mantém e o plano continua. Nenhum navegador espera a mudança de clima para ajustar o destino do navio.

Cabe ao empreendedor conhecer a realidade onde vive e definir, a partir das informações, recursos e pessoal disponíveis, a melhor maneira de conduzir seu negócio ao propósito definido. Considere as informações abaixo para preparar as velas do barco.

Conjuntura

Considerando que 2016 foi um ano atípico para o cenário geopolítico brasileiro – com alterações que tiveram um forte impacto sobre a atividade econômica –, não é prudente antecipar alegando completa e inequívoca certeza o que vem em 2017.

Sem a retomada econômica esperada após a destituição de Dilma Rousseff, a atual conjuntura já anunciou a adoção de medidas para estimular as empresas e os consumidores, na esperança de que isso melhore os índices de empregabilidade e crescimento.

Por outro lado, a possibilidade de uma nova destituição – desta vez conduzida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – deixa o cenário mais nebuloso. Uma decisão desse porte seria inédita para a história do país; além disso, o afastamento de dois presidentes em menos de um ano geraria uma insegurança institucional tóxica para os investimentos estrangeiros.

Empresas que capitaneavam grandes obras de infraestrutura e empregavam milhares de trabalhadores continuam atoladas em escândalos de corrupção, o que significa o fim do pacto entre o público e o privado. De acordo com um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) a partir de dados de 2014, embora as empresas privadas respondam por 54% dos investimentos em infraestrutura no Brasil, 83% do volume de recursos têm origem nos cofres públicos.

O boom das commodities, combustível que permitiu o crescimento do Brasil desde 2004, já vem sinalizando desgaste desde 2011. Alguns economistas associam a queda em nível global no preço dos insumos – como soja, minério de ferro, petróleo e outros – à queda da arrecadação e consequente recessão econômica.

Como o Brasil não é preparado para competir no ramo de tecnologia de ponta, a indústria nacional tende a encolher. Em 2014, a participação da indústria de transformação no PIB foi de 10,9%; em 2004, era de 17,9%. Embora seja uma tendência no mundo, a desindustrialização atingiu o Brasil precocemente.

A indústria da construção civil, turbinada pela expansão de financiamentos e por programas governamentais, vem apresentando sinais de desgaste. Desde 2014 são registradas retrações severas, superando inclusive a queda do PIB, acompanhadas pela queda na geração de empregos.

Já o setor de serviços, mesmo com uma retração de 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB), avançou nas últimas décadas puxado pelo consumo das famílias e representa quase 70% de tudo o que é produzido no país. Com a redução no consumo das famílias, o setor também amarga uma queda acumulada de 3,2% apenas em 2016.

As boas notícias

A região Sudeste, refúgio da maior parte das indústrias brasileiras, deve sair da crise antes do país, segundo estimativa da 4E consultoria feita a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No segundo trimestre de 2016, a região teve um desempenho razoável, com uma queda de 0,1%, enquanto o PIB retrocedeu 0,6%.

Com uma indústria sólida e competitiva, a região tem maior capacidade de resposta frente à crise. Se a recuperação se mantiver em 2017, a indústria local deve aumentar a demanda por produtos de outras regiões. A Fazenda já espera números animadores para o primeiro trimestre.

Se o poder de compra das famílias aumentar – o que também depende do otimismo das pessoas – o setor de serviços, especialmente os segmentos voltados diretamente ao consumidor, devem arrecadar e empregar mais, estimulando também o humor do mercado.

Essas melhorias, porém, serão transitórias se não forem implementadas reformas essenciais para acabar com a ineficiência e com a burocracia desnecessária – entre elas, a reforma tributária, que perpassa uma repactuação do modelo federativo brasileiro. Sem isso, o ambiente de negócios permanecerá emperrado – o Brasil ocupa a 123ª colocação no relatório Doing Business, do Banco Mundial – e os investidores continuarão aplicando dinheiro na segurança dos juros da dívida, em vez de injetar capital no setor produtivo.

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