Confira 5 insights da colunista sobre como o RH pode colaborar com a cocriação


Coincidência ou não, este mês fui entrevistada por duas revistas especializadas em RH, interessadas sobre o assunto “cocriação”. E a pergunta recorrente foi “Como o RH pode ajudar neste processo?"

O que segue, é apenas um ponto de vista, fica a critério do leitor concordar ou não. De verdade, isso não é tão importante, o que importa é a reflexão.

Penso que, nos dias atuais, o profissional de RH tem que atuar mais como um viabilizador da motivação e cumprir menos o papel do controlador de infrações. Até para falar deste novo papel, temos que resgatar o que significa “motivação”.

Motivar é mover, é o impulso interno que leva a ação. Estamos acostumados com algumas tentativas e as repetimos com frequência: workhops para melhorar o trabalho em equipe, índices de desempenho, encontros de integração, premiações, etc. Pensamos que como passe de mágica, estas atividades por si só, trarão o “gás" que estava faltando. Na maioria das vezes, o efeito “motivador" é bem curto.

E, afinal, o que nos motiva verdadeiramente? Outro dia fiz uma análise de um encontro de cocriação que durou 48 horas. Alguns itens que percebi no discurso dos participantes:

1. Posso integrar o meu eu inteiro. Na maioria das vezes, quando vamos trabalhar, deixamos uma parte de nós em casa. Não vamos inteiros, não é? Quer um exemplo? Quem nunca se surpreendeu, quando o colega de trabalho, que você achava um pouco sem graça, diz que toca em uma banda de rock, ou que é cantor ou que trabalha como voluntário aos finais de semana como palhaço naquela ONG super famosa? Pois é, nas empresas desconhecemos as habilidades que nos cercam, daí não conseguimos aproveitá-las, utilizar este conhecimento para resolver um problema.

2. Posso expor meu ponto de vista. Na cocriação é necessário que isto aconteça, que todos que estão lá demonstrem seu respectivo ponto de vista. O maior resultado disso é o aprendizado da escuta transversal, isto é, naquele momento, a ideia proposta por uma pessoa que está no ponto mais baixo da hierarquia tem o mesmo valor da que vem do ponto mais alto. Todas as ideias são válidas, pois são apenas pontos de vista, isto é, como eu enxergo aquele problema com toda a minha história e conhecimento.

3. Senso de pertencimento. Durante o processo de cocriação, descobrimos o nosso senso de pertencimento. Isso acontece porque podemos defender nosso ponto de vista ao mesmo tempo que aprendemos a escutar o nosso colega. Muitas vezes, o que resulta é uma terceira solução, nem lá, nem cá, mas fica evidente o brilho nos olhos, a experiência de ter sido ouvido e de se sentir parte daquela solução. Como já dizia Lavoisier: “Nada se cria, tudo se transforma."

4. Descobrir um propósito. Em temas mais abrangentes, pode acontecer a identificação de um propósito. Daí vemos brotar algumas frases como: “Nossa! É isso que eu quero fazer!" ou “Quero viver de acordo com o meu propósito!”. Ter propósito trás mais cor e alegria no ato de viver, trás "empoderamento" e o impulso que nos faz mover. Não somos robôs para preencher a engrenagem, já saímos da era industrial.

5. Confiar no outro. Quando estamos sob pressão, obviamente ficamos tensos. Mas se aprendermos a confiar no outro, podemos descobrir que aquela habilidade escondida é de grande valia em momentos de entrega e prazos curtos. Ouvi alguns comentários como: “Vivi uma situação similar em uma viagem e resolvemos da seguinte forma…” ou “Não falei para vocês, mas o meu pai é marceneiro e aprendi com ele alguns truques. Posso resolver isso se vocês quiserem!”.

Olhando os itens acima, concluí que existe algo que é comum a todos eles… o senso de liberdade. Liberdade de sermos nós mesmos, liberdade para testar os limites, liberdade para fazermos escolhas, liberdade para errar e acertar. Há ambientes que não perceberam que entramos em uma nova era, na era da colaboração, que coíbem a liberdade e institucionalizam a cultura do medo para manter o controle sobre as pessoas.

Então este é um convite à reflexão… Um texto da Revista Época sobre “10 crenças quem mantém o RH na idade média” diz assim: "Em uma organização preenchida pelo medo, pessoas com auto-estima não duram. Elas seriam demitidas ou pediriam para sair em poucos meses, porque a atmosfera é opressiva”. As pessoas não gostam de serem tratadas como criminosas. “Pessoas com medo, constroem paredes e trabalham duro para fazer você saber que elas mandam, e não você”.

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Luciana Kimi

É especialista em Gestão Colaborativa, Design de processos e negócios. Entende que a vida é uma prática de constante transformação, por isso mantém o ayurveda como filosofia e a paixão pela dança e pela arte como fontes de inspiração. É mãe de uma menina linda, atualmente seu maior tesouro