Um profissional de sucesso é aquele que tem a capacidade de conduzir um processo de decisão estratégica


No mundo dos negócios, todos os níveis organizacionais enfrentam o desafio da tomada de decisão, sejam elas operacionais, quando relacionadas ao dia-a-dia da empresa, normalmente com foco no curto prazo e na busca por eficiência, ou estratégicas, quando determinam os rumos da empresa, os investimentos de longo prazo, os mercados a serem explorados e assim por diante.

No que tange ao desenvolvimento de recursos internos, por exemplo, as decisões normalmente esbarram no dilema do “fazer internamente ou comprar”. Quando pensamos na ampliação de mercado, o “construir uma nova unidade ou fazer uma parceria local” podem se apresentar como alternativas estratégicas. Enfim, quantos exemplos como esses já não vimos estampados nos cadernos de negócios dos principais veículos de comunicação do país?

Mas a grande questão que nos desafia é como conseguir chegar numa boa decisão. Muitos comemoram simplesmente o fato de ela ter sido tomada, mas quais e quantas alternativas foram colocadas sobre a mesa, analisadas e consideradas no processo? Será que a solução escolhida foi a melhor entre essas alternativas? O grande problema é que muitas vezes sequer boas alternativas são levantadas e isso pode representar uma decisão no mínimo de baixo potencial de geração de resultado. Lembre-se: decisão não se trata de uma aposta ou de uma questão de sorte.

O fato é que vários aspectos estão intrinsicamente relacionados às decisões, principalmente quando falamos das estratégicas, que trazem um nível de complexidade muito maior, em função do alto grau de incerteza que o gestor possui sobre a situação de decisão, muitas vezes alinhado à falta de boas informações, da dificuldade de se prever as consequências da decisão tomada e do nível de comprometimento de recursos.  Difícil, não? Pois é. Não à toa proponho essa discussão, afinal, não existe empreendedor no mundo que não esteja constantemente mergulhado no desafio das decisões, que poderão representar o sucesso ou o fracasso do seu negócio.

Dentro das organizações, frequentemente as decisões estratégicas envolvem mais de uma pessoa, de diferentes áreas e com interesses muitas vezes conflitantes, o que não é diferente de quem está empreendendo, cuja decisão pode envolver acionistas, sócios, equipe, parceiros estratégicos etc. Portanto, um ponto importante do processo de decisão é que os envolvidos precisam ter o mesmo entendimento sobre o problema em questão.

Imagine que o assunto em discussão seja o crescimento da empresa, tema esse que abordei no meu último artigo publicado aqui no meuSucesso.com. Então, até que ponto todos estão alinhados sobre a necessidade de crescimento da organização? Será que todos querem que a empresa tenha a mesma curva de crescimento? Será que todos têm a mesma visão sobre as ameaças e oportunidades do mercado, e sobre aonde se pretende chegar?

Embora o tema do crescimento esteja relacionado a uma oportunidade, o gatilho que dá início a um processo de decisão pode ser também o surgimento de um problema específico ou até de uma situação de crise, cujas fontes de divergência podem ser ainda maiores, o que mostra a relevância do entendimento compartilhado sobre a situação em questão, a fim de se chegar numa boa decisão.

Ok, uma vez chegada à conclusão sobre o problema de decisão, a próxima etapa diz respeito à busca de alternativas para solucionar tal problema. Infelizmente, muitos tomadores de decisão param a análise logo no início desse processo, perdendo o potencial que esse exercício de desenvolver várias e diferentes alternativas tem para gerar soluções inovadoras, fora da caixa, que de fato possam representar um verdadeiro salto para a organização. Por isso, lembre-se: decisões rápidas nem sempre são as melhores e podem fazer com que se desperdicem ótimas oportunidades.

Mas desenvolver alternativas pode não ser tão complexo quanto à escolha daquela que representará o resultado final do processo de decisão, até porque cada alternativa potencial pode afetar com maior ou menor intensidade as diferentes pessoas envolvidas no processo. E aí eu volto a te perguntar: quem vai querer pagar um preço maior por uma decisão tomada? Quando começamos a analisar essas questões, percebemos que nem sempre existe unanimidade a respeito dos fatores que afetam uma decisão e, consequentemente, a solução escolhida.

Como você pode notar, não é tão simples assim tomar boas decisões, pois nem tudo pode ser tratado com 100% de racionalidade, uma vez que não conseguimos prever com antecedência todas as situações decorrentes de um processo de decisão. E mais: pelo fato das decisões envolverem pessoas, sempre haverá diferenças de opinião, divergência de interesses, que levam os envolvidos a adotarem comportamentos políticos, na tentativa de influenciar uns aos outros, seja usando o poder, a persuasão, a justificativa técnica etc. na defesa de suas posições.

Por isso, acredito que uma das principais competências a serem desenvolvidas num profissional de sucesso é realmente a sua capacidade de conduzir um processo de decisão estratégica, pois, esteja ele a frente de uma área específica, de uma unidade de negócios, de uma empresa ou do seu próprio negócio, virá da qualidade de suas decisões o seu potencial de gerar sempre os melhores resultados.

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Flávio Cordeiro

Profissional com mais de 15 anos de experiência executiva nos segmentos editorial, eventos e educação executiva. Respondeu pelas áreas de marketing, planejamento e operações em empresas líderes de mercado como Folha de São Paulo, Valor Econômico e HSM do Brasil, onde foi responsável pelo planejamento estratégico, na função de diretor de marketing. Foi um dos executivos fundadores do jornal Brasil Econômico como diretor de mercado leitor, além de participar de projetos de reestruturação de canais e lançamento de novos produtos em âmbito nacional. Fundador da consultoria GD4 Estratégia &Gestão, que tem como foco o desenvolvimento de mentalidade e execução estratégica de empresas. Atua como palestrante, consultor e professor na área de estratégia, com participação nas bancas examinadoras de marketing, estratégia e TCC da ESPM. Mestre em Administração de Empresas pelo Mackenzie, com MBA em Gestão Empresarial pelo Ibmec-SP. Graduou-se em Engenharia de Produção pela FEI e participou das especializações em Comunicação Corporativa da Fundação Getúlio Vargas e Gestão de Mudanças da Business School São Paulo.