Um cara me parou na rua e falou que acompanha o meu trabalho, já foi no meu show e disse que eu tenho o dom da comédia. Adorei o feedback, claro. Apesar de que não gosto muito desse lance de “dom”.
DOM Substantivo masculino
|
Comecei a trabalhar com internet aos 13 anos e até os meus 22 anos, eu nunca havia conseguido contar uma piada. Muito menos criar uma. Nunca fui o engraçado na família, no colégio e no prédio. Até os 22 anos, eu era o nerd que mexia com internet, até que em 2006 eu fui escolhido, junto com um colega, para ser orador da colação de grau da minha turma de Administração de Empresas na Universidade de Pernambuco (UPE). Não fui escolhido por ser engraçado, mas porque organizava os churrascos da turma.
Quando fui pensar no texto do discurso, eu senti que eu tinha que ser engraçado, afinal, todo discurso tem algumas piadas.
Então, comecei a pesquisar “por que as pessoas riem?”. Li alguns artigos sobre o assunto, assisti vídeos de alguns comediantes americanos, passei dois meses trabalhando no discurso e deu certo. Aos 23 anos (oito anos atrás), eu tive o meu primeiro contato com fazer humor.
Daí em diante, comecei a assistir compulsivamente comediantes americanos, ler livros sobre comédia, escrever, pedir feedback, testar, ensaiar e me expor em palcos.
Dois anos depois, larguei a minha produtora de internet e comecei a viver de humor. Nos primeiros três anos de carreira, eu filmava TODOS os meus shows para analisar o meu desempenho no palco e a reação da plateia sobre cada piada. Montava um gráfico da apresentação para identificar os pontos de alta e de baixa. Comecei a organizar todas as minhas piadas num blog privado, com divisão de assuntos e nota para cada piada.
Depois de milhares de páginas de livros, centenas de vídeos de comediantes, centenas de shows analisados minuto-a-minuto, gráficos, métodos aplicação de técnicas, ferramentas e metodologias, eu acho foda ser taxado como um cara que tem o DOM da comédia.
Não acho que é dom, porque não foi uma dádiva que eu ganhei de presente de uma divindade.
Nos últimos anos eu pensei: “Se humor é estudável, talvez criatividade também seja”. E é.
Como dizia Abraham Maslow (aquele cara da pirâmide):
O homem criativo não é um homem comum ao qual se acrescentou algo. Criativo é o homem comum do qual nada se tirou.
Nós nascemos criativos e desaprendemos a ser criativos.
Quem bloqueia a nossa criatividade?
Principalmente a escola, a família e o mercado de trabalho.
Para algumas pessoas (1) a criatividade cai em queda brusca.
Para outras (2), cai de forma mais lenta.
Para outras (3), cai no início, mas depois estabiliza
Para outras (4), cai no início, mas levanta um pouco
E para outras (5), cai um pouco, mas depois levanta com tudo.
E como faz para levantar?
Precisamos des-desaprender algumas coisas, ou seja, estudar.
Criatividade é uma habilidade como qualquer outra que, para ser desenvolvida, tem que ser estudada e treinada.
Aprenda sobre vendas no meuSucesso.com. Experimente por 7 dias grátis.