Criado para facilitar a vida de milhões de pessoas necessitadas de um suporte para as suas apresentações acadêmicas, o PowerPoint acabou se tornando um verdadeiro instrumento de tortura.


Criado para facilitar a vida de milhões de pessoas necessitadas de um suporte para as suas apresentações acadêmicas, comerciais e corporativas, o PowerPoint acabou se tornando um verdadeiro instrumento de tortura.

Fãs de Bill Gates, tenham calma! Eu explico.

O problema, como sempre, não é a ferramenta, mas o uso que se faz dela. A maior parte das pessoas utiliza o PowerPoint como uma bengala em suas apresentações. As razões podem ser diversas: insegurança, medo, despreparo, vontade de surpreender a plateia com os "efeitos especiais", deslumbre com o programa, e por aí vai. A bronca é que, sem o bendito PowerPoint, adiós apresentação.
 
O modo mais comum de tortura é rechear os slides com texto. O apresentador, com medo de não lembrar o que veio falar, entope os slides com um milhão de frases. Para completar, ignora o público à sua frente e lê o que está escrito no telão. Pobre plateia.

Utilizar o clipart do Windows é um dos clichês. Sempre em busca do caminho mais fácil, o torturador não pensa duas vezes antes de inserir aquelas imagens batidas em sua apresentação.
 
Outra estratégia torturante é o uso de bullet-time, aquele efeito irritante que faz as frases deslizarem na tela. A cada tópico lido pelo palestrante, uma nova frase faz sua entrada triunfante da esquerda para a direita (ou de baixo para cima, ou rodopiando, ou piscando…). Os mais empolgados ainda utilizam o pacote de sons do aplicativo:
 
– "As vendas do primeiro semestre de 2010 superaram em 6% as do mesmo período do ano passado". POW! (barulho de disparo de revólver);
– "Em contrapartida, fomos obrigados a reduzir nossa margem de lucro em 3,29%"SCRINNNCHHHH! (carro freando);
– "Dessa forma, para a nossa empresa decolar, minha proposta é de expandirmos nossa atuação para o estado vizinho" PLAC! PLAC! PLAC! (som de aplausos. Do programa, é claro.).
 
Fale a verdade: você já viu esse filme antes, não viu? Sons, imagens, vídeos e outros recursos multimídia, podem enriquecer – e muito – uma apresentação. Mas o seu uso deve ser, apenas, para apoiar a mensagem do apresentador – e nunca para o apresentador se apoiar em seu uso.

Não quero bancar o sabichão. Eu mesmo já fui um exímio torturador com o PowerPoint. Minhas apresentações seguiam o mesmo roteiro que acabei de descrever. Fui melhorando com o tempo; à medida que me sentia mais seguro para passar minha mensagem, comecei a abrir mão do copy+past de texto nos slides, e passei a utilizar uma abordagem muito mais clean, muito mais simples e harmoniosa.

Ao mesmo tempo em que pode servir como um terrível instrumento de tortura, o PowerPoint pode ser a ferramenta ideal para ajudá-lo a fazer uma apresentação fantástica e memorável.

Observe como Seth Godin, Chris Anderson, o saudoso Steve Jobs e outros mestres jedis na arte de encantar plateias utilizam slidewares como o PowerPoint, Keynote ou similares. Cada um tem seu estilo e personalidade na hora de contar histórias. O que suas apresentações têm em comum é, justamente, a utilização de slides simples, pouquíssimo texto, imagens marcantes e design de impacto.

Em se tratando de apresentações, menos é mais. Acredite.

E você, já torturou alguém ou foi torturado por PowerPoint? Comente suas experiências mais abaixo! Até a próxima!

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Leandro Vieira

Fundador e CEO do Portal Administradores.com. Mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul,  certificado em Empreendedorismo pela Harvard Business School e MBA em Marketing, pelo Instituto Português de Administração e Marketing. Graduado em Administração e Direito. Em 2011, recebeu o Prêmio Honra ao Mérito em Administração, outorgado pelo Conselho Federal de Administração, em reconhecimento à sua contribuição ao avanço e valorização da Administração no Brasil.