Empreender parece uma coisa fácil não é mesmo?


Tem um vendedor que eu gosto de citar que simplifica muito o que é empreender com foco em vendas. David Portes morava na rua, pegou 12 reais emprestado para comprar remédio para sua esposa que estava doente. Pegou o dinheiro com um conhecido e comprou uma caixa de balas, vendeu. Comprou mais duas caixas, vendeu os dois. Depois comprou o remédio, devolveu os 12 reais que tinha emprestado, comprou 2 caixas de balas e não parou nunca mais.

Carla Sarni viu na necessidade e vontade de mudar de vida, a força e a coragem que precisava para “meter a cara”, como se diz por aí, e sair vendendo. Carla Sarni se tornou como ela mesma define “sacoleira”, vendia roupas, água, bombom de leite ninho e tudo que desse uma renda para ela se virar e se formar.

Com esse começo, como de “glamour zero” – como diz outra empreendedora famosa, Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora. Carla, conseguiu pagar sua faculdade, formou-se dentista e só depois veio criar todo esse império que é a Sorridents. Não é simples? Então porque não fazemos isso? Normalmente porque temos um nível de timidez ou vaidade que nos limita. Esse nível está intimamente ligado a nossa necessidade de sobrevida.

É por isso que eu considero o ponto principal das vendas a atitude de vendedor, que consiste basicamente em superar a timidez e a vaidade que todos nós temos em algum nível. Sem esse passo fundamental de superação, como você chegará no seu cliente para vender?

Para superar a timidez existem técnicas muito válidas que vão desde uma reflexão para entender que se expor de alguma forma faz parte da vida de todas as pessoas até aulas de teatro e desafios íntimos como pagar mico com os amigos ou ser mais ativo nas reuniões familiares.

Já a vaidade é muito mais difícil, a vaidade é como um muro muito poderoso que você terá de superar com muitas marretadas, a não ser que você seja acometido por uma tragédia que crie grandes necessidades e, aí sim, essa necessidade vai dinamitar e derrubar seu muro todo de uma vez.

A primeira vez que você  tiver de fazer uma venda (dar a primeira marretada nesse muro) poderá se sentir menosprezado pelos clientes, terá medo de encontrar um conhecido que irá dizer que você é “vendedor” com ar pejorativo (acredito que seja por isso criaram sinônimos enfeitados como: consultor, executivo de negócios, gerente de contas, etc).

Você irá perceber que essa é uma profissão estigmatizada por causa dos maus vendedores do passado, mas perceberá também que a cada visita, cada venda efetuada, cada contato com seus clientes a sua moral aumentará e você se tornará mais seguro de si e mais destemido na hora da tão temida abordagem comercial (o muro vai abaixo).

Mas cuidado, isso não é como andar de bicicleta não. Do mesmo jeito que esse muro cai, ele se reconstrói. Quando crescemos muito profissionalmente, o muro da vaidade volta com força total e reforçado com chapas de aço. Não é comum ver empresários que já foram grandes vendedores, hoje terem fobia de atender um cliente e quando necessitam fazer também fazem questão de deixar claro seu atual “status”.

Minha sugestão: não perca o controle da sua equipe, não deixe de ser exemplo, não esqueça nem crie a visão saudosista do que é o mercado. Rotineiramente realize vendas como se ainda fosse um vendedor, um funcionário da sua empresa e venda e atenda clientes. Vá a campo.

Entendido todo esse “carrossel” emocional, agora é só arregaçar as mangas, aprender as técnicas certas, juntar seu material de vendas, estudar seu produto e “meter a cara”! Porque do mercado só entende, quem vende!

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Antonio Pedro Porto dos Santos

Mercadólogo, especialista em práticas comerciais, empreendedor, professor, palestrante, voluntário, cicloativista, apaixonado por trabalhar com pessoas.