Rony Meisler, fundador da Reserva, deixou a carreira em uma grande companhia para montar um negócio de moda masculina. Conheça mais sobre essa história


Empreender, muitas vezes, é algo que acontece de forma natural e não planejada e uma série de fatores podem contribuir para que a vontade surja ou para que a oportunidade apareça. Ser bem-sucedido com o negócio é o fruto colhido, mas não há uma fórmula perfeita para que o negócio dê certo.

A história de Rony Meisler, que é tema de nosso Estudo de Caso, mostra no primeiro episódio como o empreendedor se desenvolveu e iniciou de forma espontânea e natural o negócio que deu origem a Reserva, que hoje é uma rede com mais de 40 lojas e produção de mais de 1,5 milhão de peças ao ano. É preciso entender um pouco da origem do empresário e um pouco de sua família para compreendermos como ele começou a empreender.

Da faculdade de Engenharia para o segmento de moda

Um cara descolado do Rio de Janeiro, que se formou em engenharia e decidiu empreender no segmento de moda. Rony Meisler vem de uma família de classe média alta. Seu pai é um empreendedor que se transformou em um executivo renomado de uma organização internacional. Rony teve sólida formação universitária concluindo o curso de Engenharia da Produção em uma renomada Universidade carioca.

Iniciou-se no mercado de trabalho atuando em uma das principais consultorias de gestão do mundo. Uma análise preliminar permite inferir que sua trajetória profissional estava bem desenhada e se consolidava a visão de uma carreira promissora no mercado executivo. No entanto, essa lógica foi contrariada e Rony apaixonou-se pelo empreendedorismo começando seu negócio do zero por meio da fabricação e comercialização de bermudas com um apelo diferenciado, iniciativa que deu origem da marca Reserva.

O início pelo interesse em empreender

Rony não tinha a ambição de empreender quando jovem. Essa decisão se consolidou quando já estava empreendendo e, em dado momento de sua trajetória, percebeu que essa era sua principal vocação.

Antes da incursão no mercado de moda, Rony teve outra experiência empreendedora, quando era recém-formado, e criou uma startup que tinha como foco a intermediação de permutas entre empresas. A iniciativa não foi bem-sucedida, porém Rony extraiu lições poderosas dessa experiência de fracasso que foram essenciais para sua trajetória e que trazem ensinamentos importantes para qualquer empreendedor.

A principal lição diz respeito a seu comportamento perante o fracasso. Rony entende que essas ocasiões são oportunidades de amadurecimento que devem ser aproveitadas em sua plenitude. Assim, o empreendedor comenta que é apaixonado por problemas. Nesses momentos sente-se desafiado e motivado a construir soluções até então não imaginadas. Sua convicção é que desses momentos surjam novas perspectivas para o negócio desde que o empreendedor esteja preparado para lidar com as pressões provenientes do fracasso.

A mentalidade empreendedora de Rony foi se formando de acordo com a evolução do negócio. O empreendedor acredita muito no valor do fazer, pois é da prática que emergem as evoluções do negócio. Sua crença, nesse sentido, estende-se à visão do propósito da organização. Rony comenta que, mesmo convicto e apaixonado pela empresa, seu propósito só se consolidou após oito anos de sua fundação. Assim, o empreendedor crê na necessidade de tirar a ideia do papel, executá-la e aprender com sua evolução prática.

Liderança, cultura organizacional e paixão

Rony tem um perfil muito mais emocional do que racional e esse traço comportamental está muito presente em sua liderança e se traduz na cultura da organização que criou. Uma das crenças do empreendedor é que a paixão mobiliza a todos e deve ser vivida por seus colaboradores mobilizando-os em trono do negócio.

Desde a fundação do negócio, Rony implementou seu modelo de gestão baseado em uma visão mais humana. A Reserva foi criada com capital próprio e, em 10 anos de vida, sempre deu lucro. Assim, o empreendedor demonstra que é possível compatibilizar a dimensão financeira com uma cultura mais afetiva e humana.

Uma de suas referências mais fortes é o pai, Luiz Meisler, de quem destaca, sobretudo, sua visão na importância do exemplo. Uma das citações preferidas de Rony é aquela que diz que “Conselho é bom. Exemplo arrasta”. Evidencia-se, mais uma vez, a importância do fazer e do domínio das principais atividades da organização visando a conquista da legitimidade junto aos colaboradores e todo ecossistema da organização.

Nessa linha, o empreendedor comenta que o exercício da humildade na Reserva é “minutário”, ou seja, tem de estar presente em cada minuto do seu negócio.

Esse desafio se evidencia de forma mais clara devido ao segmento onde a organização está inserida cujas marcas e líderes tendem a ter uma postura mais distante de seus consumidores, posicionando-se como marcas desejadas e, até, inatingíveis.

A visão do empreendedor é que a paixão e a postura serena perante o fracasso toca as pessoas, humaniza a marca e o negócio e gera engajamento.

O insight e a demanda reprimida

A percepção de Rony de que havia uma oportunidade mal aproveitada aconteceu quando ele estava na academia e viu cinco homens com o mesmo modelo de bermuda. Para ele, uma coisa estava clara: ou era demanda reprimida, com pouca gente oferecendo bermuda de homem, ou era demência, com as pessoas malucas querendo usar a mesma roupa sem perceber.

Ele, então, resolveu testar o mercado de moda masculina e com amigos vendeu algumas t-shirts e peças entre conhecidos na praia. Um ano depois, em 2006, ele estava lançando a marca. O nome fazia referência e era uma homenagem à praia que frequentava com os amigos.

A consequência dessa visão culminou com o desenvolvimento de um empreendimento que começou do zero e foi se desenvolvendo a partir dos aprendizados proveniente de sua prática. Ou seja, o negócio não nasceu pronto. Foi se formando ao longo do tempo baseado em seus erros e acertos.

Rony é um ferrenho defensor da evolução contínua do negócio e acredita que se um negócio nasceu perfeito é porque ele nasceu tarde. É possível perceber a sinergia de pensamento do empreendedor com os modelos de Lean Startup mesmo considerando que Rony não atua no mercado digital. O conceito, no entanto, é similar.

O empreendedor comenta que o projeto da Reserva tinha tudo para dar errado já que ele não tinha experiência no setor, conhecimento especializado ou capital. No entanto, o empreendedor soube utilizar de todo seu repertório anterior como consultor e seu conhecimento em engenharia para construir a fundamentação do negócio que, aliados à sua forte atuação prática, foram os embriões da marca Reserva.

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