A colunista conta como a mudança de parâmetros pode trazer conflito com os atuais formatos já estabelecidos


Nas últimas semanas, a minha timeline foi inundada por diversos artigos, protestos sobre a proibição do Uber em São Paulo e como o novo capitalismo (mais colaborativo) está tomando conta das ruas, etc e tal, o que me fez querer compartilhar algo que venho estudando a tempos.

O que nos motivou a ir às ruas nos dias 13 de junho de 2013 e 15 de março de 2015? Foi  a vontade única de determinados grupos que invocaram o fim da corrupção, os 20 centavos e o impeachment da Dilma? Ou… você foi por um motivo próprio, resgatado, instigado ou estimulado pelo seu amigo e os amigos dos seus amigos através da tecnologia das redes sociais?
Você foi por que alguém te ordenou/ mandou ir ou você foi por que quis fazer o seu próprio protesto? Pense… há diferença.

Você ficou com aquela impressão que o gigante acordou e desmaiou na sequência? Eu diria que ele está de olhos semi-cerrados, acordado, vivenciando uma transformação interna e profunda.

Estamos vivendo a era de Uber, AirBnB, Netflix, Zenefits, Rdio, Lyft, entre outros, onde o usuário tem mais poder de decisão, e é claro, há sempre alguém ganhando muito dinheiro com as relações de confiança construídas nestas plataformas. Há alguns casos mais nefastos, como o Google, onde entregamos, com o perdão da palavra, a nossa alma para poder usá-lo.
 
Nenhuma transformação é zero ou oitenta, ela navega e permeia por altos e baixos. Penso que este é o momento de transição, de conviver com o novo, e não necessariamente substituir e eliminar o velho. Em São Paulo há alguns negócios que caminham para uma auto-sustentação, pessoas que pagam em forma de “doação” pelos serviços que desfrutam, como é o caso daquela loja de orgânicos na Vila Madalena inspirado na recém transmutada Laboriosa 89.

O que estes negócios tem haver com os movimentos de junho de 2013 e março de 2015? Simples, o entendimento que podemos operar de forma diferente do que sempre acreditamos, a começar pelo questionamento do sistema hierárquico presente em toda sociedade (na sua casa, trabalho, igreja, associações, etc, etc, etc). Que você como ser humano é uno, isto é único, que a formação ou o cargo que você recebeu não te definem, você não é o cargo, você está apenas lá, compreende?

Outro dia o meu marido leu uma reportagem onde os jovens explicitamente abordavam o fato de não quererem ocupar cargos de liderança… se por um lado esta geração parece não querer mais responsabilidade pulando de emprego em emprego sem a paciência devida para galgar todos os degraus, por outro podemos dizer que bom! Sinal de novos tempos! Será que não podemos construir relações mais horizontais e assim menos hierárquicas?

Quando alguém me pergunta se já encontrei alguma organização deste tipo, me recordo da expressão resgatada de vários encontros na Escola de Redes: “Há bilhões de organizações deste tipos, elas são da categoria VESA, significa 'Você e seus amigos’ ". Não tem chefe, não tem hierarquia.

Pense nisso!

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Luciana Kimi

É especialista em Gestão Colaborativa, Design de processos e negócios. Entende que a vida é uma prática de constante transformação, por isso mantém o ayurveda como filosofia e a paixão pela dança e pela arte como fontes de inspiração. É mãe de uma menina linda, atualmente seu maior tesouro