Quando Richard Plepler assumiu o comando da HBO, gerou desconfianças. Mas seus planos deram certo


Em 17 de abril de 2011, uma emissora com dificuldades financeiras resolveu apostar em uma série que não tinha nada a ver com sua linha editorial e que custaria US$ 6 milhões por episódio. Poucos dias antes do lançamento, o principal parceiro do projeto desistiu de participar. A estreia não foi nenhum estrondo e os primeiros capítulos passaram quase despercebidos. Hoje, é difícil imaginar que a série é Game of Thrones e a emissora é a HBO.

O primeiro episódio da quinta temporada de Games of Thrones foi ao ar no último domingo (12), de maneira simultânea nos 170 países que a exibem, independente do fuso horário: 21h nos Estados Unidos, 22h no Brasil, madrugada em vários países da Europa e manhã na Austrália. A estratégia tem sido repetida no início de cada nova temporada e é uma maneira de "concorrer" com a pirataria. Mas, mais que isso, a iniciativa se transformou em um evento global, que reforça a marca do produto e da emissora a cada ano.

Afinal, como a HBO conseguiu consolidar Game of Thrones como uma das séries mais vistas da história e venerada por fãs do mundo todo? Mesmo quem não acompanha já ouviu falar, em algum momento, sobre a série. Mais de 8 milhões de pessoas assistiram ao episódio de lançamento da nova temporada, superando o último recorde, que era de 7 milhões de espectadores.

Disposição para arriscar (mas calculadamente, claro!)

Quando Richard Plepler assumiu o posto de CEO da HBO, em 2008, com a missão de tirá-la da lama, ele tomou uma série de decisões que deixaram a equipe e investidores desconfiados. Mas deram resultado. Seu objetivo foi promover o renascimento criativo da emissora e encomendou uma mudança radical na linha editorial.

Segundo Michael Lombardo, chefe de programação da empresa, a mudança de gestão possibilitou o início de uma nova era. Em vez de prosseguir com a antiga linha de produções da HBO, com dramas e investigações, a primeira decisão conjunta de Lombardo e Plepler foi colocar True Blood na programação. Um choque. Mas deu certo.

Fazer o melhor

Quando Plepler decidiu que era preciso mudar a linha editorial para retomar o rumo do crescimento na HBO, ele tinha consciência de que não bastaria, simplesmente, mudar. Era preciso produzir os melhores conteúdos. Foi por isso que convidaram David Benioff e DB "Dan" Weiss para assumirem a produção de um roteiro que consideraram ideal para o momento, baseado em um best-seller. Era Game of Thrones. Em meio à febre dos vampiros e, mais tarde, zumbis no mercado audiovisual, os dragões roubaram a cena.

Confiança

Com sets e elencos já preparados para iniciar as gravações, a HBO teve que, sozinha, arcar com os custos de US$ 6 milhões por episódio, após a BBC desistir da parceria que faria com a emissora para a série. O primeiro episódio não foi um fracasso, mas também não foi nada excepcional. Mesmo assim, os roteiristas receberam total apoio de Plepler para prosseguir.

"Lembro de receber e-mails de Richard [Plepler] dizendo o quanto amava o que estávamos fazendo. Ele acreditou em nosso trabalho e sentia que isso seria incrível. Aquelas palavras realmente nos deram a energia necessária em um momento que precisávamos", contou Benioff em uma entrevista que concedeu recentemente à revista norte-americana Fast Company.

Visão de futuro 

Enquanto muita gente torceu o nariz para aquela série antiquada que falava de reis, princesas e dragões, Plepler confiou em seus planos. Hoje o seriado alcança a faixa de 20 milhões de espectadores e já é considerado um dos mais populares da história. Até mesmo a rainha Elizabeth II (que, inclusive, visitou o set de filmagens) é uma fã declarada da série.

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