O humorista passou 10 semanas estudando tecnologias do futuro na Singularity University, no NASA Research Park,


Em 2014, morei por 10 semanas no NASA Research Park, no Vale do Silício, estudando tecnologias do futuro na Singularity University. Muita gente se questiona como um comediante brasileiro foi parar nesse lugar. Eu também me pergunto isso. Quando ouvi falar pela primeira vez da Singularity parecia algo muito distante da minha realidade. Até que conheci o Tiago Mattos, fundador da escola de atividades criativas Perestroika, que participou da residência há dois anos e me explicou como funciona o processo seletivo.

Como funciona
Diferentemente de muitas escolas e universidades que analisam notas de testes de proficiência, como o Graduate Management Admission Test (GMAT) e Teste de Inglês como uma Língua Estrangeira (TOEFL), a Singularity tem foco na diversidade de seus estudantes.

Se você seleciona apenas as pessoas que têm notas máximas em exames padronizados, você se reduz a perfis mais ou menos iguais. E pessoas mais ou menos iguais tendem a ter inputs (repertório) parecidos, o que estatisticamente tende a gerar combinações menos criativas.

Como eu sempre falo nos meus cursos, criatividade deveria se chamar “combinatividade”, porque o ato de CRIAR coisas novas na verdade é o ato de COMBINAR coisas já existentes.

Das 80 pessoas que a Singularity escolhe por ano, descobri que eles chamam uns 15 engenheiros, 15 programadores, 15 biólogos e médicos, 15 empreendedores, 15 especialistas em problemas sociais e uns 5 caras meio malucos. É nessa última cota que me encaixo.

Na Singularity somos expostos a tecnologias de ponta nas áreas de biotecnologia, robótica, inteligência artificial, fabricação aditiva, nanotecnologia, entre outros. Mas as principais lições que tirei de lá não foram sobre tecnologia.

Nas primeiras semanas, tivemos a oportunidade de visitar empresas inovadoras, como Google, IDEO e 3D Systems, e conhecer as pessoas por trás de grandes projetos.

Aprendi que uma tecnologia de ponta nas mãos de um time fraco dificilmente vira uma grande inovação. Já uma tecnologia simples nas mãos de um time ‘fod@’ acaba virando algo disruptivo.

O que realmente faz a diferença são as pessoas por trás das tecnologias

Nas últimas três semanas de residência, formamos times para criar startups. Rolou uma espécie de Startup Weekend interno e o meu time ganhou. O detalhe é que, na minha opinião, o nosso projeto não era o melhor, mas o nosso pitch foi o melhor.
 Já participei de alguns Startup Weekends e normalmente os times passam 90% do tempo trabalhando no projeto e 10% planejando e treinando o pitch.

Aprendi que é necessário pensar no pitch desde o início e ir aperfeiçoando durante todo o processo de desenvolvimento do projeto.

De nada adianta uma grande ideia, se você não sabe vendê-la

 Uma startup não é qualquer empresa iniciante de tecnologia. Se você cria uma empresa para desenvolver blogs no WordPress, não é necessariamente uma startup.

Uma startup, na verdade, é uma empresa que lida com algum projeto de extrema incerteza. E, se existe tanta indecisão, obviamente existe também muitos riscos. No Vale do Silício, aprendi que uma pessoa que faliu cinco startups (desde que seja por motivos diferentes e sem nada desonesto envolvido) é uma pessoa com uma experiência profissional de grande valor. No Brasil, a mesma pessoa talvez seria a vergonha da família.

Fracassar é aprender mais um jeito de como não fazer alguma coisa

Ouço muita gente dizendo que “está sempre seguindo as tendências”. Mas o verbo “seguir” implica obrigatoriamente estar atrás.
Aprendi que para empreender de forma inovadora, seguir as tendências não é suficiente. É necessário antecipá-las, ou como a gente gosta de falar: “resolver problemas que não existem AINDA”.

Se você vislumbra uma tendência, não pode esperar que ela se concretize para começar a empreender. Tem que se antecipar e desde já começar a pensar numa solução e já estar bem posicionado quando o problema de fato existir.

Quem segue tendências, está atrasado.

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Murilo Gun

Murilo Gun é empreendedor, comediante especializado em humor corporativo, palestrante especializado em empreendedorismo e professor especializado em criatividade. - See more at: http://blogcriatividade.com.br/rafinha-bastos-bom-humor-e-criatividade-para-solucao-de-problemas/#sthash.rhuj4vhp.dpuf