Rony Meisler precisou de reinventar à frente da Reserva. Entenda como ele se adequou às mudanças de comportamento do novo consumidor no varejo.


Já falamos por aqui sobre as mudanças nos hábitos do consumidor, aceleradas pela pandemia. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a economia global pode demorar anos para se recuperar plenamente. Essa recessão econômica, somada à quarentena, resultou em pessoas mais conscientes com relação à forma de consumo com a qual estavam acostumadas antes. 

Se essa mudança já é sentida em itens considerados básicos, gerou caos no varejo de moda. Como esse quadro tem afetado o varejo durante a pandemia e como será o varejo pós-pandemia é o que analisaremos através da visão de Rony Meisler, cofundador da Reserva.

Como era o comércio antigamente

Rony reflete sobre como aprendeu a ser um comerciante. Ele explica que, num primeiro momento, quem ditava a moda era a indústria. Ela criava uma peça e o comércio tinha a função de fazer o marketing: “O varejista comprava o que a indústria tinha e puxava o cliente pelo marketing”, conta Rony. 

Isso significa que a atração era realizada pelo status. A pessoa desejava ter uma peça e adaptava o seu estilo a uma coleção ou mesmo uma grife. Porém, antes mesmo da pandemia, pode ser percebida uma mudança que traria grande impacto ao comerciante de moda. 

A internet trouxe, junto à pandemia, duas grandes correntes que, para Rony Meisler, hoje ditam o mercado da moda: a economia do compartilhamento e a economia da informação.

Vamos explicar um pouco cada um desses termos. 

Economia do compartilhamento

Esse conceito vem na esteira da mudança de comportamento da sociedade no início do Século XXI, onde as pessoas começaram a enxergar que não havia mais necessidade de se ter as coisas, mas, sim, de usá-las. É basicamente um conceito de compartilhamento de bens e serviços, com o objetivo de redistribuir e usar racionalmente os recursos. Ao final, outros objetivos são alcançados, como a sustentabilidade ambiental e a transformação social.

Rony explica da seguinte maneira: “As pessoas cada vez mais compartilham as coisas, elas não querem ter as coisas, elas querem usar as coisas, não precisam ter alguma coisa, não precisam mais ter um apartamento, não precisam ter um carro, não precisam ter mais uma roupa se puder usar aquela”

Esse entendimento vem de uma sociedade que tem, cada vez mais, se tornado minimalista, de consumo consciente, pensando nas futuras gerações. Segundo o Instituto Nielsen, mais de 40% dos brasileiros estão mudando seus hábitos para reduzir o impacto no meio ambiente e 30% dos entrevistados também estão mais atentos aos produtos que consomem.

Ou seja, a economia do compartilhamento não é apenas uma tendência: é o modelo vigente na sociedade atual. 

Economia da informação

A economia da informação, por outro lado, tem o seu foco em ter uma produção mais inteligente, visando aquilo que o público realmente quer consumir. Isso evita desperdícios e ajuda na redução de custos, algo salutar em tempos de pandemia.

Além disso, não é mais a indústria quem dita o que o público quer, é o contrário. Rony afirma que “[o que] o cliente pede é o que vale, não é a indústria produzindo e você comprando o que ela tem, é a indústria produzindo o que você quer. É a indústria estudando o que você quer, as marcas estudando o que você quer e produzindo sob demanda, com base no que você quer e  quem não fizer isso vai ficar pelo caminho.”

Isso significa que o público tem ainda mais poder de decisão. Ele não decide apenas o que quer consumir, mas, também, o que será produzido para ele consumir. Consegue entender a diferença? 

Para Rony, a marca que conseguir colocar esses elementos em seu negócio, sairá na frente em qualquer disputa de mercado. Ele mesmo afirma que essa mudança é imperativa e não voltará mais ao que era antes. 

Movimentos para se adequar ao novo varejo

Uma das estratégias que Rony decidiu utilizar se chama “camiseta simples”. Nela, o cliente paga uma assinatura anual, parcelada em 12 meses, e recebe uma camiseta nova a cada 5 meses, totalizando 3 ao final.

Além das camisetas, o cliente recebe cashback para comprar na Reserva. Ao final do período de um ano, ele tem a opção de devolver as camisetas e ganhar um cashback de 25 reais a cada camiseta devolvida. Se optar por devolver as três, ganha um total de 75 reais. 

As camisetas devolvidas são trituradas e são feitos novos modelos de camisetas simples. Em outras palavras, a pessoa não só está consumindo moda, mas comprando uma causa, uma ideia.

Essa é apenas uma das formas que Rony desenvolveu para a Reserva e que tem se traduzido num grande crescimento. No último ano, a Reserva cresceu 434% em vendas digitais e tem se preparado para dar voos ainda mais altos.

Por esse e muitos outros motivos, Rony Meisler volta ao meuSucesso para ser protagonista da segunda temporada do seu Estudo de Caso, o “Modo Reinvenção”. Veremos o que aconteceu com uma marca depois que ela alcançou o sucesso, os novos desafios que ele passou até se tornar CEO da AR&Co.

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