Estudo comprova que crianças que crescem em lares onde a resiliência é uma importante ferramenta para a formação terão maiores chances de se tornar um adulto de sucesso


Tenho falado sobre a resiliência há um bom tempo porque sempre acreditei ser fundamental as pessoas desenvolverem a característica de absorver os acontecimentos e se reinventarem de forma a voltarem a ser o que eram antes ou pessoas ainda melhores, moldadas e experientes. Desenvolver a capacidade de se adaptar às mudanças e ser flexível diante delas ao ponto de usá-las a seu favor, por si só já é motivo de admiração.

Tive acesso a uma pesquisa que só fez confirmar toda a minha teoria fundamentada na prática de vida e de mercado, afinal, a resiliência é uma característica comum (ou deveria ser) a qualquer empreendedor. Duas psicólogas desenvolveram um estudo com 700 crianças que nasceram na ilha de Kauai, no Havaí, no ano de 1955. O incrível e revelador é que mais de 60 anos depois os resultados comprovam a importância do papel dos pais enquanto mentores, orientadores.

Emmy Werner e Ruth Smith dividiram as crianças em dois grupos, condições favoráveis que era composto por aqueles com uma família estruturada e amorosa e estabilidade financeira e no outro estavam as crianças de famílias muito pobres, doenças na família, pais alcoólatras e violência doméstica também eram fatores de risco no segundo grupo.

As crianças foram avaliadas em diferentes idades, durante o desenvolvimento e crescimento de cada uma, desde os primeiros anos até a fase a adulta, com cerca de 40 anos. Só por essa divisão a grande maioria de forma natural apostaria que o segundo grupo apresentaria mais problemas ao longo da vida, certo? Ficou comprovado que isso era verdade para duas em cada três crianças do grupo de risco, mas o fato é que aquele um terço surpreendeu os cientistas.

As pesquisadoras os definiram de uma forma bem interessante, foram chamados de "vulneráveis, mas invencíveis" e passaram a vida adulta sem problemas significativos. Por que essa definição? Constataram que eram competentes, confiantes e carinhosos, e deram a essa capacidade de se adaptar e superar os fatores de risco o nome de "resiliência". Os estudiosos identificaram três fatores que impulsionaram a resiliência nas crianças de Kauai: a própria personalidade, um cuidador de confiança e a sensação de pertencimento a uma comunidade.

Citei essa pesquisa para mostrar que comprovadamente as crianças enxergam nos pais um espelho, principalmente nos primeiros anos de vida e que a sensação de confiança e pertencimento faz com elas possam desenvolver sua personalidade da melhor forma possível. Note ainda que os "invencíveis" eram, desde pequenos, reconhecidos como ágeis, espertos e encontraram, pelo menos, uma pessoa para ser a "âncora" no caos familiar: seja um dos pais, um avó ou um professor, por exemplo. Com essa pessoa, foi possível estabelecer um laço de carinho e confiança.

E o mais interessante e o que quero destacar neste artigo é que, assim como adotar um estilo de vida empreendedor, a resiliência pode sim ser aprendida. Pesquisas recentes associam a resiliência com a plasticidade cerebral, a capacidade do nosso cérebro de se adaptar a condições adversas. Por isso, a líder atual do projeto, Lali McCubbin, “defende que a resiliência precisa ser vista mais como um processo do que algo que uma criança tem e a outra não”.

Acabei de lançar recentemente o livro Educando Filhos para Empreender – Editora Ser Mais (Literare Books), e nele falo justamente que é possível se tornar um empreendedor no sentido mais amplo da palavra. Nem todo mundo nasce cheio de ideias e vontade de fazer diferente, mas acredito que assim como a pesquisa mostrou em relação à resiliência que todos e, principalmente, as crianças podem ser treinadas e adquirir ao longo da vida características para melhorar a forma com que lidam tanto com os maiores desastres quanto com os estresses do dia a dia, pode ser também com o empreendedorismo.

Na minha visão, ser empreendedor é muito mais que abrir o próprio negócio, trata-se de uma atitude, da forma de enxergar e encarar as coisas, é uma forma de agir (e reagir), de pensar e de viver. Acredito que as pessoas que absorvem tais características estarão sempre um passo a frente, tanto na vida pessoal quanto na profissional. Defendo a teoria de que os pais precisam preparar seus filhos para o mundo e não tentar mudar o mundo para eles. Dê ao seu filho a chance de ver o mundo com outros olhos, o da resiliência e do empreendedorismo, que juntos podem ajudar a construir o futuro sonhado.

O livro Educando Filhos para Empreender pode ser encontrado no site da Livraria Saraiva: http://www.saraiva.com.br/educando-filhos-para-empreender-9349494.html 

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João Kepler Braga

Empreendedor que investe desde 2008; Reconhecido como um dos conferencistas mais sintonizados com Inovação e Convergência Digital do Brasil; Especialista em empreendedorismo, startups, marketing e vendas; Participa em mais de 354 StartUps; Lead Partner da Bossa Nova Investimentos; Premiado como melhor Investidor Anjo do Brasil pelo Startup Awards; Colunista de diversos Portais no Brasil; Palestrante internacional; Escritor e autor e coautor dos Livros [O vendedor na Era Digital] e [Vendas & Atendimento], [Gigantes das Vendas] e [Educando Filhos para Empreender]; Premiado por anos consecutivos como um dos maiores Incentivadores do Ecossistema Empreendedor Brasileiro; Espalhador de Ideias Digitais e Melhores Práticas em Negócios.