Quem presenciou os planos econômicos dos anos 90 sabe o que esperar da economia brasileira


Comecei a trabalhar em 1985, logo no primeiro ano da faculdade. Sou do tempo da inflação. Convivi com todos os planos econômicos pós “revolução” de 1964. Naquela época o sujeito tinha que ser criativo para fazer a vida acontecer. O dinheiro era caro, a economia fraca e o poder de compra do dinheiro pequeno.

As atividades profissionais do escritório começaram no final dos anos 60, início dos anos 70. Tivemos o privilégio de manter a estrutura em sede própria desde o início de nossas operações até que, com a expansão do Metrô de São Paulo, acabamos por receber a temida intimação para desapropriação de nossa sede.

Os valores pagos, a forma e o tempo eram complicadores muito sérios na vida de quem se via despojado de seus bens. Atualmente o sistema é menos draconiano.

A toque de caixa mudamos para uma nova sede alugada e tocamos a vida até que o locador do imóvel ocupado pelo escritório, político da região de Guarulhos/SP, resolveu retomar o prédio todo para revitalização e venda das unidades. O despejo sob a vigência da revogada lei 6.649/79 era trágico. As ações demoravam uma vida, o que era bom pela ótica do locatário, mas péssimo para o mercado.

Disse anteriormente que, iniciei o curso de direito em 1985, daí a conclusão em 1989. Pois bem, exatamente no ano da conclusão do curso se daria a desocupação do imóvel onde estava localizada nossa sede. Nos preparamos para a mudança. Muita coisa aconteceu entre o início da ação e a desocupação. Compramos outro imóvel, adaptamos e mudamos. Todas as reservas financeiras foram consumidas. Não sobrou um único centavo no caixa, fora o capital de giro para três meses.

Lembro muito bem do meu falecido pai, que até então não trabalhava conosco, ao mostrar sua indignação quando resolvemos sacrificar nossa liquidez. Não hesitei em afirmar ter abominado a experiência da retomada do bem pelo locador. Disse tratar-se do empreendimento que queria tocar durante toda minha vida. Acreditava na advocacia e queria exercê-la até o último dos meus dias. Não havia razão para não comprar uma nova sede própria. Assim foi feito a despeito das críticas.

Paradoxalmente, vi todo o Brasil na mesma situação em que me encontrava após a posse de Fernando Collor, com a diferença de meu capital estar investido no meu negócio, enquanto que as economias de todos os Brasileiros estavam bloqueadas nas mãos do Governo.

Confesso ter ficado muito envaidecido ao ter feito a opção de investir tudo o que tinha no escritório.

Contei minha experiência para dizer que estou vendo um retrocesso na economia e na condução do Brasil. Tenho uma sensação de já ter visto o filme que está passando. É como um déjà vu: galicismo que descreve a reação psicológica da transmissão de idéias de que já se esteve naquele lugar antes, já se viu aquelas pessoas, ou outro elemento externo. O termo é uma expressão da língua francesa que significa, literalmente, "já visto". Já que vi o filme, sei o final.

Tendo estruturado o negócio para o trabalho, o mesmo veio rapidamente nas inúmeras ações para liberação dos cruzados bloqueados pelo presidente Collor. Estava na hora certa, no lugar certo. Na crise vi a oportunidade. É bom lembrar que estava pronto para ela.

Nos dias de hoje digo a quem quiser ouvir: estou vendo novas oportunidades. 

É hora de aproveitar os negócios que aparecerão. Estou convicto que em todos os seguimentos aparecerão nichos, pois a necessidade de se reinventar será a ordem do dia para atravessarmos dois anos de muitos ajustes.

Criatividade, inovação, trabalho duro e honestidade farão a diferença em tempos de economia em frangalhos, contas públicas comprometidas e governo fraco.

Por isso, chegou a hora de empreender com muito mais vigor. As oportunidades estão aí. Apesar da crise mundial, tem muita gente ficando milionária.

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Luciano Minto

Paulo Luciano de Andrade Minto é palestrante, professor e acumula as funções de sócio-diretor da "Andrade Minto Advogados Associados" e Diretor Jurídico das empresas do Fundo de Investimentos TBDH-Capital, fundado por Flávio Augusto. Bacharel em Direito, pós-graduado em Direito Processual Civil, lecionou em Faculdades de Direito até 2005 e mantém participação ativa junto a OAB.