Não é preciso investir em tecnologia para inovar


A inovação é premissa para a longevidade de qualquer empresa. E para inovar, é necessário que as empresas continuem construindo soluções novas ou significativamente melhores do que as opções dos seus concorrentes, entregando maior valor aos seus clientes e gerando maiores ganhos. Quando falamos em inovar, na maioria das vezes, nos vem à cabeça gastar muito dinheiro e tempo investindo no desenvolvimento de novas tecnologias. Mas, e a empresa com pouco capital, como se encaixa nessa premissa? Quem não tem recursos financeiros não inova e está condenado a fechar suas portas?

De forma alguma. A inovação, além de fazer algo novo visando resultados inéditos, é também fazer diferente algo que já fazemos no dia-a-dia, visando maior eficiência, produtividade e redução de custos. As atividades corriqueiras e tradicionais também são passíveis de inovação. Como diz o professor Marcos Hashimoto em seu livro Espírio Empreendedor nas Organizações, III edição: “Inova-se quando se otimiza um processo, cria-se uma forma de reduzir custos e desperdício, contrata-se uma pessoa para fazer mais eficazmente o trabalho de duas pessoas e se renegocia um contrato com um fornecedor de forma que ambas as partes saiam ganhando. O campo da inovação é vasto demais para ficar limitado apenas aos departamentos de pesquisa de produtos; ele deve ser estimulado em todos os níveis da organização.”

A inovação pode começar, por exemplo, motivando seus colaboradores – que na maioria das vezes conhecem a sua empresa e seus problemas melhor do que ninguém – a participarem de um programa de inovação corporativa, que vai muito além da famosa “caixinha de sugestões”. 

Muitas vezes os colaboradores anseiam por ter uma voz mais ativa na organização, mas não encontram espaço para isto. E depois de tentativas fracassadas, acabam se acomodando a fazerem somente o que é esperado deles, de acordo com a sua função. Engajar o seu colaborador a participar das decisões do dia-a-dia da empresa requer um bom planejamento e o interesse em ouvir o colaborador precisa ser genuíno. De nada adianta pedir sugestões, se as mesmas não forem devidamente analisadas. 

COMEÇANDO AÇÕES INOVADORAS

Há diversas maneiras de se engajar os colaboradores a participarem de um programa de inovação corporativa. Uma maneira é começar com pequenas ações para introduzir a cultura de inovação na empresa (tenha sempre em mente que mudanças podem gerar resistência!). Você pode, por exemplo, lançar um “desafio de inovação”, dividindo seus colaboradores em times, misturando pessoas de todos os departamentos, para que eles resolvam um determinado problema da empresa, por exemplo: como reduzir custos com o número de impressões? Você pode começar com um problema simples, e conforme os colaboradores se sentirem mais engajados e familiarizados com os desafios, a complexidade pode aumentar. O prêmio pode ser dar ao ganhador um dia livre perto de uma ponte de feriado, por exemplo. Ou não ter que ir trabalhar no seu aniversário. Mas antes de começar ações de inovação na sua empresa, é importante se perguntar:

A MINHA EMPRESA É INOVADORA?

Não é porque na homepage do site está escrito que a sua empresa é inovadora, que os seus colaboradores, fornecedores, clientes e também competidores a percebam dessa maneira. Faça um exercício, respondendo as seguintes perguntas:

– Qual é o DNA da minha empresa e a percepção do mercado e dos colaboradores em relação a ela? (para isso é interessante fazer um trabalho de exploração, entrevistando o público-alvo);

– Qual o meu diferencial frente aos meus competidores?

– Como a inovação é aplicada na empresa hoje? 

– Como é feita a inclusão e engajamento dos funcionários nas decisões da empresa?

– A minha empresa realmente tem interesse em dar voz aos funcionários para darem sugestões de melhorias de processos e resoluções de problemas, ou no fundo eu sou adepto do ditado “manda quem pode, obedece quem tem juízo”?

Caso a sua empresa seja inovadora, ótimo! Os seus colaboradores já estarão familiarizados com a cultura de inovação e as ações podem ser mais robustas. 

Caso a empresa seja vista como uma empresa tradicional, comece a introduzir a cultura de inovação aos poucos, com um planejamento estratégico bem estruturado e ações-teste, para avaliar os resultados. Lembre-se: a introdução de uma nova cultura leva tempo e deve ser contínua e genuína!

Não subestime o valor que os seus funcionários podem ter no processo de inovação na sua empresa. Afinal, boas ideias saem de todos os lugares, mas você precisa estar aberto a ouví-las!

Aprenda sobre vendas no meuSucesso.com. Experimente por 7 dias grátis.

Maria Angélica Garcia

Angélica trabalhou na Deloitte em Munique, onde foi co-manager da German-Brazilian Desk assessorando empresas estrangeiras a se estabelecerem no Brasil. Prestou consultoria para startups alemãs, assessorando no desenvolvimento do planejamento de comunicação e modelo de negócios. Nos últimos dois anos foi diretora de Negócios e Parcerias da Aceleratech, onde participou da criação e posicionamento da aceleradora. É consultora de empreendedorismo e inovação corporativa, apaixonada por startups e por conectar pessoas.