O mercado e o consumidor tem mudado radicalmente. As empresas que demorarem a perceber, vão ficar para trás. Você já tem pensado quais ações sustentáveis vai iniciar no seu negócio?


“Sustentabilidade é uma forma de coexistir e também de pensar estrategicamente o seu negócio” – Reginaldo Morikawa, CEO da Korin Agricultura Natural

Ao pensar em ações sustentáveis, você deve ter em mente três pilares: consumidores mais engajados com o assunto, investidores mais exigentes com a questão e mercado cada vez mais competitivo.

Não há mais espaço para ignorar a sustentabilidade. Antes da pandemia e ainda mais com a vinda dela, os consumidores se tornaram mais atentos ao que consomem e, principalmente, de quem consomem. Mercados inteiros passaram a olhar para esse assunto de maneira mais criteriosa, com investidores levando em consideração empresas que tenham ações sustentáveis planejadas e postas em prática. Além disso, dependendo do mercado que desejar embarcar, uma empresa pode perder negócios por não estar de acordo com as diretrizes de sustentabilidade impostas naquele local.

Ou seja, sustentabilidade não é mais um debate acadêmico ou mesmo governamental. É assunto de negócios e quem não está nessa conversa, está ficando para trás. 

Chegou a hora de recuperar o tempo perdido e entender mais sobre o cenário que os negócios atualmente estão inseridos. 

Consumidor e seu comportamento 

Segundo dados do instituto de pesquisa Nielsen, os brasileiros estão cada vez mais preocupados com saúde e sustentabilidade. Isso é perceptível através do que estamos consumindo e na maneira como estamos consumindo produtos e serviços.

Mais de 40% dos brasileiros estão mudando seus hábitos para reduzir o impacto no meio ambiente e 30% dos entrevistados também estão mais atentos aos ingredientes que fazem parte dos produtos que consomem.

Outro dado interessante é a consciência que os brasileiros têm adquirido. Todos têm prestado mais atenção ao que consomem e recusado marcas que não seguem seus princípios e valores. Nesse sentido, vemos que mais de 50% dos entrevistados dizem não comprar produtos que fazem testes em animais e quase 70% não compram se souber que a empresa utiliza de trabalho escravo ou análogo à escravidão. 

Outro reflexo dessa mudança de comportamento tem sido vista na busca por uma alimentação mais saudável. Veja como as pessoas mudaram seus hábitos alimentares:

– 57% das pessoas estão reduzindo a gordura;
– 56% diminuíram o sal;
– 54% a menos de açúcar;
– 38% deixaram de lado alimentos industrializados;
– 27% reduziram a lactose e o glúten.

Isso deixa claro que a sustentabilidade e hábitos de vida mais saudáveis não é apenas um movimento isolado, mas sim a realidade de grande parte das pessoas.

Ou seja, essa preocupação já passou do campo de ações políticas e entrou no campo do dia a dia da sociedade como um todo. E, claro, essa mudança também foi potencializada com a chegada da pandemia.

A sustentabilidade em tempos de pandemia

Com a chegada da pandemia, muitos hábitos foram mudados não por incentivo, mas por necessidade. Houve uma aceleração das mudanças que já haviam sido iniciadas. Por ficarmos mais tempo em casa, passamos a nos preocupar mais com nossa saúde física e mental.

No Brasil, o comportamento mudou muito devido aos impactos econômicos. Mais de 50% dos entrevistados dizem que reduziram o consumo de alimentos não-essenciais, dando lugar aos alimentos presentes na cesta básica, legumes, verduras e ovos. Outra parcela, aproximadamente 70%, passou a cozinhar mais em casa, o que diminuiu o consumo de alimentos industrializados.

Outro impacto percebido foi a maior busca por negócios locais, muitos entenderam que era hora de abraçar o comércio próximo de sua casa por dois motivos: ajudar pequenos empreendimentos a sobreviverem e também por buscarem preços mais acessíveis e controlarem seus gastos. Cerca 33% das pessoas comentam que estão buscando comprar de produtores locais para incentivar a economia próxima de suas casas.

Os impactos que a pandemia trouxe na vida dos brasileiros, também estão mudando suas prioridades. Para 64% dos entrevistados, seus valores e a maneira de olhar para a vida foram alterados pela COVID-19. Isso implica em maior preocupação com a família, com sua saúde física e mental e também com suas finanças. Isso se mostrar através dos seguintes dados:

– 79% estão procurando cuidar mais da sua saúde física;
– 77% querem cuidar melhor da sua saúde mental;
– 87% pretendem gastar mais com produtos de higiene e cuidado com a casa;
– 81% acreditam estar mais atentos às necessidades da sua família;
– 77% estão buscando economizar em todos os gastos. 

Outra preocupação que tem sido tema de debate tem a ver com o futuro pós-pandemia. 

Para 75% dos entrevistados, este tem sido um momento de repensar o futuro. Com uma nova forma de pensar, 73% das pessoas dizem que aumentarão a importância da relação custo/benefício (value for money) e 68% pretendem reduzir o volume de gastos em itens não-essenciais. Ao final, nem a metade dos entrevistados acredita que suas vidas voltarão ao normal no próximo ano.

A mudança de comportamento na pandemia não ficará somente restrita a esse momento. É preciso entender que muitos hábitos não voltarão ao que eram e olhar essas lacunas que estão se criando é o momento onde as oportunidades surgem.

Mas não é só o consumidor que tem mudado com o tempo. Os mercados e investidores estão bem diferentes do que eram tempos atrás.

Ações sustentáveis e o ESG

Bom, agora que entendemos o cenário no qual estamos caminhando como sociedade. É importante falarmos sobre como esse movimento impacta os negócios. O ESG é a sigla que tem ganhado força quando o assunto é ações sustentáveis. Ela é uma sigla derivada do inglês: Environmental, Social and Governance – que em bom português fica: Ambiental, Social e Governança.

Esse critério de avaliação das empresas tem sido muito utilizado quando falamos em investimento. Existem fundos que só vão investir em empresas que estejam bem avaliadas no ESG. Ou seja, muito além de aspectos sociais, as ações sustentáveis tem impacto direto na estratégia de negócio. 

Ao redor do mundo, mais de US$30 trilhões em ativos sob gestão são gerenciados por fundos que escolheram estratégias mais sustentáveis. Isso significa que houve um aumento de 34% em relação ao ano de 2016.

Veja o que diz Larry Fink, CEO da BlackRock, a maior gestora de fundos de investimento do mundo:

“…questões que são essenciais para a criação de valor durável – questões como gestão de capital, estratégia de longo prazo, propósito e mudança climática. Há muito tempo acreditamos que nossos clientes, como acionistas de sua empresa, se beneficiarão se você puder criar valor duradouro e sustentável para todos os seus stakeholders.”

Essa conversa de trilhões parece distante, mas o número de investidores-anjo que estão investindo em empresas de micro e pequeno porte, tem aumentado. Receber esse investimento faz toda diferença, já que o valor recebido não é incidido no capital social, permitindo que a empresa continue ainda no modelo Simples Nacional. 

Mas não são somente investidores que estão interessados nesse assunto. O mercado como todo está ainda mais competitivo graças aos efeitos da pandemia.

O mercado e a sustentabilidade

Empresas, governos e investidores têm olhado para o Pacto Global e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como forma de avaliar uma empresa. A longo prazo, isso pode significar uma desvantagem em relação a empresas de outros países que estejam mais de acordo com essas diretrizes.

Outro impacto que o mercado considera é a pandemia e seus efeitos. Ela já forçou ajustes nos ODS e também aponta para oportunidades segundo os critérios de EGS.

Alguns efeitos listados abaixo:

– Efeito devastador nos indicadores de saúde;
– Piora na distribuição de alimentos e aumento da fome;
– Pobreza aumentada, levando setores inteiros à vulnerabilidade;
– Escassez no fornecimento de energia;
– Dificuldade de aprendizado nos modelos de educação atuais;
– Atividades suspensas que geraram menor oferta de empregos e queda na renda.

Esses impactos nos mostram que negócios que não levam em consideração o cenário atual e como a sociedade está enxergando os últimos acontecimentos e como têm reagido em relação a eles, possivelmente vão ficar para trás em todos os quesitos.

É preciso olhar para as oportunidades. Por exemplo, cerca de 150 mil casas no Brasil já têm energia solar. Esse número aumentou após a pandemia, pois muitas pessoas começaram a ficar em casa e perceberam um aumento drástico na conta de luz. 

Outro exemplo foi o crescimento de aulas online para fazer exercícios físicos em casa. Os treinos on-line cresceram mais de 700% e as empresas que apostaram nessa modalidade, viram o número de alunos crescer. 

Por último, vemos também um grande movimento de aprendizagem que foge do convencional. Devido ao fator impeditivo de aulas presenciais, cursos livres de diversas modalidades começaram a crescer. Houve um aumento de mais de 200% na procura por esse tipo de modalidade, principalmente por oferecerem flexibilidade de horários, grandes nomes e valores bem mais acessíveis.

Quer saber mais como usar a sustentabilidade afeta os negócios e como usá-la estrategicamente?

O próximo Estudo de Caso do meuSucesso vai ser totalmente dedicado a essa questão. Trouxemos Reginaldo Morikawa, CEO da Korin, para mostrar sua trajetória dentro da empresa, como ela lida com questões ambientais e como chegaram ao Top Mind no segmento de alimentos orgânicos.

Chegou a hora de entender que as ações sustentáveis não são apenas um movimento isolado, mas sim a realidade para os negócios de todo o mundo. Contamos com você nessa jornada de aprendizado.