Muitas empresas passam pelo processo de pivotar quando percebem que seu atual modelo de negócio não irá se sustentar por muito tempo. O termo pivotar vem do inglês “pivot” que significa “mudar”. No caso do empreendedorismo, quando dizemos que uma companhia pivotou quer dizer que mudou seu antigo modelo de negócios e está atuando de forma diferente para atender um novo público ou demanda.
A Gazeta do Povo, maior jornal do estado do Paraná, se viu há anos atrás em um momento em que seu modelo de negócio não estava rendendo mais como o esperado e resolveu mudar toda a estratégia da empresa. Como vimos durante o Estudo de Caso de Ana Amélia, sócia proprietária da companhia e responsável pela direção da organização, em 2017 a empresa anunciou que deixaria de atuar no meio impresso para focar e inserir-se totalmente no universo digital.
O foco que antes eram as vendas e tiragem dos jornais, como a publicidade voltada para esse meio, passou a ser assinaturas online, como benefícios especiais para os usuários, além de um conteúdo profundo para o meio digital, mas sem deixar de ser rápido e ágil – dinâmica que os jornais impressos não conseguiam acompanhar devido a notícia ser divulgada muito tempo depois de ter acontecido, enquanto já estava sendo veiculada em portais de notícias na internet.
O que faz uma empresa pivotar e as principais causas
As razões para uma empresa adotar esse tipo de estratégia podem ser muitas. Abaixo, listamos as mais conhecidas:
- Se os clientes não compram seu produto/serviço – quando se percebe uma mudança no comportamento e a demanda fica menor a ponto de estagnar.
- Se o custo de aquisição dos clientes for igual ou maior que a receita líquida gerada pelas vendas – muitas vezes o esforço e gasto com vendas ou marketing para trazer novos consumidores não compensa se comparado com o retorno financeiro obtido.
- Quando se atinge um teto de crescimento – quando o crescimento está estagnado e percebe-se que as limitações estão mais relacionadas ao mercado real e atual.
Analisando a situação da Gazeta do Povo
A Gazeta do Povo é uma empresa centenária, que faz parte da história brasileira e principalmente do Estado do Paraná. Tornou-se o maior jornal da região, mas isso não foi o suficiente para pagar as contas. Com a crise mundial do meio impresso, percebeu-se que cada vez mais estávamos entrando em uma nova economia e que isso iria afetar a estrutura e rentabilidade das empresas no geral. Então, negócios muito antigos ou baseados em métodos e fórmulas mais antiquadas não iriam resistir ao novo hábito de consumo atual.
Cada vez mais o consumidor atual está antenado e conectado 24 horas por dia. Podemos dizer que hoje as pessoas são “mobile”, ou seja, estão em contato com a informação e tecnologia por meio de seus celulares a todo momento. Isso mudou a forma de fazer publicidade e atingir o seu potencial cliente. Muitas empresas começaram a optar por investir seu orçamento de comunicação em anúncios no Google ou redes sociais como Facebook ou Instagram e deixaram de lado veículos como os jornais impressos.
Abaixo separamos diversas falas dos mais diversos entrevistados durante o nosso Estudo de Caso que demonstram essa mudança pela qual o jornal Gazeta do Povo passou:
“O mundo digital vem com velocidade imensa. A área de classificados do jornal, que era uma fonte fundamental do negócio, começa a desaparecer. É muito mais agradável e fácil você encontrar um carro, comprar uma casa, por meio da internet. Não precisa mais virar a página, riscar, cortar o anúncio e uma seleção para depois sair procurando” – Ana Amélia, sócia proprietária da Gazeta do Povo e responsável pela direção da empresa.
“Não estávamos batendo as metas orçamentárias de publicidade, nem de assinaturas. Os custos estavam elevados, apesar do nosso esforço de corte de custo o tempo todo. Eles estavam no limite dentro daquela estrutura. Era um cenário bem difícil em que as pessoas estavam bem descrentes” – Milton Pereira, diretor comercial da Gazeta do Povo.
“Na verdade essa mudança grande você vai observando pelo seu próprio leitor, pelo dia a dia. Você começa a perceber que as coisas vão mudando pelo seu próprio trabalho, pela forma como você começa a produzir o Jornalismo” – Andreia Sorgenfrei, jornalista.
“O modelo de negócio não vai ser mais publicidade, mas sim assinatura no mundo digital. Vamos trabalhar neste olhar. E qual é o diferencial que a gente pensou? O conteúdo com muita especialização e profundidade. A complexidade do mundo analógico impedia a liberdade do voo solto do digital e isso foi percebido por nós” – Ana Amélia, sócia proprietária da Gazeta do Povo e responsável pela direção da empresa.
Planejamento e tomada de decisão
Quando a Gazeta do Povo começou a repensar sua estratégia de negócio, e a olhar para o digital de forma diferenciada, passaram-se anos para a tomada de decisão final. Em poucos meses, a empresa organizou como funcionaria todo o anúncio da decisão, pensando em como isso poderia afetar tanto os funcionários quanto externamente. “No evento, a gente divulgou ao mesmo tempo para o mercado, e internamente, que a Gazeta do Povo deixaria de ser impressa. No evento, que estava sendo filmado e transmitido em tempo real, a cidade e equipe souberam da notícia no mesmo momento. Se a gente contasse primeiro para os nossos anunciantes, a equipe saberia. Se contasse para a equipe, o mercado ficaria sabendo. Avaliamos e tomamos uma decisão bem difícil”, comenta Ana Amélia.
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