Com base nos conhecimentos de Camila Farani, empreendedora brasileira, vamos te explicar os critérios básicos que um investidor utiliza para escolher em qual empresa aplicar seu capital.


Imagine a seguinte situação: uma startup está à procura de investimentos externos para sua expansão e, para isso, prepara uma apresentação eficiente que mostra as principais frentes do negócio, suas fundamentais métricas já conquistadas e o benefício da sua proposta para o público. Não é raro se deparar com o cenário descrito e talvez você já tenha desenvolvido um pitch desses. 

Agora, acrescente nessa situação o fato de que você sabe como um investidor avalia uma startup. É esta vantagem competitiva que vamos te mostrar hoje: os parâmetros básicos que um investidor utiliza para escolher qual empresa aplicar os seus recursos. Em outras palavras, o Framework 5T. 

Tema conhecido por muitos investidores, é um dos conteúdos abordados por Camila Farani, uma das poucas mulheres no mercado de investimento e que conta com o título de maior investidora-anjo do país, segundo a Forbes. Por isso, vamos nos basear no conhecimento de Camila para explicar o conceito do Framework 5T neste artigo. 

Framework 5T segundo Camila Farani

O background da investidora Camila Farani começou quando ela tinha 21 anos. Na expansão da Tabacaria & Cia, fundada por sua mãe, Camila propôs um aumento de 30% das vendas em um mês em troca de uma pequena participação na empresa. Sua ideia de vender café gelado trouxe um acréscimo de 28% no faturamento da loja. 

Após esse primeiro contato com o mundo dos investimentos, Camila não parou. Atualmente, já apoiou ao menos 30 startups, é um dos tubarões do Shark Tank Brasil e sócia-fundadora da G2 Capital, uma boutique de investimento-anjo

Com base nos seus conhecimentos acumulados, experiências e iniciativas de aprendizagem, ela desenvolveu seu próprio método de analisar propostas de negócios. Vale ressaltar que cada investidor tem suas preferências e critérios particulares para decidir investir ou não em uma empresa. Porém, uma metodologia muito utilizada aos empregadores de capital é o Framework 5T, que avalia 5 dimensões: tech, a tecnologia envolvida no produto; team, as competências e conhecimentos da equipe envolvida no projeto; trench, o potencial do negócio para se defender de concorrentes e novos entrantes; TAM (total addressed market), o potencial de demanda pelo produto; e traction, o nível de maturidade e potencial de crescimento do negócio.  

Tech: tecnologia e produto

Os investidores têm tendência a procurar empresas focadas em inovação tecnológica, visto que são negócios com alto crescimento no mercado. Neste caso, avalia-se a tecnologia empregada no desenvolvimento do produto através da análise de fatores, como se a tecnologia produzida é específica para o próprio negócio, se ela é de difícil imitação e se é facilmente ajustável diante de feedbacks. 

Além disso, avaliar se os consumidores conseguem perceber o valor oferecido pelo produto e a relevância dele para as suas vidas também é um ponto fundamental que os investidores procuram. De forma geral, se o produto da empresa for tecnologicamente melhor, mais barato e rico em valor para os clientes, a startup tende a chamar mais atenção do investidor.

Team: equipe envolvida no negócio

Para o investidor, é importante analisar quais as competências e habilidades da equipe, tanto no aspecto técnico-operacional quanto na perspectiva administrativo-estratégica, para avaliar se a organização tem espaço para o desenvolvimento de conhecimento capaz de promover o avanço e a diferenciação da empresa. 

Numa instância mais aprofundada, outras condições também fazem parte da avaliação: se a equipe trabalha direcionada para um propósito, se o grupo consegue trabalhar de forma organizada e coordenada e, como os estágios iniciais de uma startup requerem muito trabalho, se a equipe está comprometida e é capaz de executar todas as tarefas, por exemplo.

Trench: se defender da concorrência e de novos entrantes

O potencial de criar barreiras que impedem a concorrência de copiar o negócio e dificultam a entrada de novas empresas no mercado é a base do trench. Algumas formas do negócio se proteger são: 

  • conseguir desenvolver uma tecnologia numa velocidade que outros não conseguiriam;
  • possuir a formação de base de clientes e ofertantes numa plataforma, como o caso dos marketplaces;
  • ter uma fonte de informações exclusiva para estruturar seu negócio;
  • ter alto custo de substituição (troca de empresa) sobre a tecnologia – por exemplo, a Apple não costuma ter grande compatibilidade de softwares com outros sistemas operacionais;
  • dispor de um público trabalhado, desenvolvido e fidelizado.

O que o investidor procura ao analisar o trench, portanto, são startups com nível de maturidade suficiente para fazer com que empresas competidoras e novos players precisem se desenvolver para chegar, no mínimo, ao mesmo estágio em que as startups se encontram.

TAM (Total Addressed Market): potencial de mercado

Entender se há demanda do mercado ao qual o produto se direciona é fundamental para qualquer empresa. Através de pesquisas, é fundamental saber se o mercado tem disponibilidade financeira para adquirir o produto e se existe o hábito de uso da tecnologia por parte dos potenciais consumidores e de plataformas para que ela seja disponibilizada. Por fim, é necessário que o investidor avalie se o plano de crescimento da empresa é compatível para atender a demanda projetada. 

Traction: tração do negócio

Geralmente, um investidor prefere aplicar recursos em negócios com menor risco, ou seja, que já estejam validados e faturando no mercado. Ter um histórico validado da organização comprova que o empreendedor e seus colaboradores têm capacidade de implementar e executar o negócio. 

Por isso, para os investidores é mais interessante empregar capital numa empresa que já ultrapassou a fase da dúvida de aceitação (será que as pessoas irão comprar meu produto ou utilizar meu serviço?), esteja crescendo e conte com receita recorrente.

Neste artigo, te trouxemos o básico de como um investidor avalia uma startup através do Framework 5T com base na mentoria de Camila Farani. E o melhor? Todo esse conhecimento e visão podem ser aprofundados e adquiridos no Estudo de Caso “De Frente Para o Risco”, da maior investidora-anjo do país. Aprenda sobre a área de empreendimento competitivo na plataforma do meuSucesso por 7 dias grátis.