Os insights de negócios não aparecem do nada. A oportunidade só está lá para quem souber procurá-la e percebê-la


Quando olhamos um negócio de sucesso, crescendo e se desenvolvendo, sempre imaginamos que a ideia inicial veio de um lance de genialidade do empreendedor. E quando o ouvimos contar a sua história, tudo parece que aconteceu magicamente.

No entanto, os insights de negócios não aparecem do nada. Sempre que escuto alguém dizer “você teve sorte de encontrar esta oportunidade”, me lembro da história de Arquimedes, o matemático grego que, ao fazer uma descoberta, saiu nu de sua banheira gritando “Eureka”. Arquimedes achou a solução matemática para a força de empuxo. E apesar de “Eureka” ter se tornado um sinônimo de descoberta inesperada, a teoria proposta por Arquimedes não teve nada de sorte – ele trabalhou e estudou muito para chegar à sua solução. Da mesma maneira, um empreendedor não “deu sorte” ao ter um insight de negócios. Ele estudou muito um mercado para conseguir gritar o seu “Eureka”.

A oportunidade só está lá para quem souber procura-la e percebê-la. Para ajudar isso a acontecer com você, gostaria de falar sobre dois conceitos básicos para a busca de oportunidades: a busca conceitual e a busca perceptual.

Busca conceitual

É se utilizar de informações de mercado, estudando de maneira constante fatos e dados, para que dessas informações possam surgir ideias com potencial de lucratividade. Neste método, deve-se primeiro definir os parâmetros e expectativas que se tem com um negócio, e os princípios básicos do empreendimento. A partir daí, começa a busca contínua de informações sobre este mercado até que algo pertinente aos seus objetivos apareça.

A chave do sucesso aqui é buscar e analisar muitas informações. Dados do setor pretendido como o crescimento de mercados ou regiões, o nível de lucratividade de empresas que estão atuando nele, as projeções que estas empresas projetam para os próximos anos, notícias sobre entradas de novos concorrentes, fatores macroeconômicos que possam levar ao crescimento destes segmentos, enfim, qualquer tipo de informação que vá se acumulando até você chegar ao seu ponto de gritar “Eureka”! Este tipo de método é muito utilizado em grandes empresas, que monitoram de maneira sistemática certos segmentos para poder captar oportunidades de entrada. Mas com o atual nível de informação livre na internet, isso também pode ser feito por empreendedores.

O segundo princípio é a busca perceptual

Isso significa se treinar para olhar com atenção comportamentos, atitudes, manias e costumes dos consumidores e, a partir daí, achar oportunidades. Robinson Shiba, do China in Box, que empresta sua história para um caso no meuSucesso.com, notou que “as caixinhas de comida chinesa sempre estavam em cima das mesas em filmes americanos”. Esta observação aparentemente simples foi a que o levou a refletir sobre o quanto a comida chinesa delivery estava arraigada na cultura americana e, portanto, poderia também estar presente no Brasil. Além de olhar com esta atenção diferente, deve-se também aprender a perguntar. Perguntar é um dos melhores métodos de se conseguir informação, e incrivelmente é pouquíssimo utilizado tanto pelas empresas, como por empreendedores. Ao ver um consumidor fazendo uma decisão de compra que te chama a atenção, pergunte a ele o porquê ele decidiu daquela maneira. Você ficará surpreso com quantas pessoas irão parar para falar com você, e o quanto a resposta delas pode ser valiosa. Ao fazer isso continuamente, em um determinado momento pode surgir aquela ideia de negócios que você tanto esperava.

Nos meus próximos dois posts irei detalhar um pouco mais sobre técnicas especificas para usar estas duas visões.

Simples, não? De fato é. Mas é necessário disciplina e perseverança para que estes dois conceitos passem a fazer parte de seu comportamento habitual, fazendo com que as oportunidades passem a surgir para você, magicamente.

Marcos Bedendo

Professor de cursos de pós-graduação em instituições como ESPM-SP, FIA-PROVAR e FAAP, lecionando assuntos relacionados à gestão de marketing e marcas. Oferece também cursos na Casa do Saber. Realiza palestras em empresas nacionais e multinacionais sobre marcas, marketing, e inovação. É sócio-consultor da Brandwagon, consultoria especializada em processos de criação e gestão de marcas e inovação. Colabora com análises sobre marketing para veículos como Exame, Época Negócios, Isto É Dinheiro, UOL. Atualmente possui o blog “Branding, Consumo e Negócios”, na Exame.com. É autor do livro “Branding para Empreendedores”, com lançamento em Março de 2015