A falta de tempo e a praticidade fazem parte do nosso dia a dia. Tudo que está relacionado à velocidade e agilidade nos cativa. Porém, nos últimos dias, algo chamou-me atenção e foi uma churrasqueira (sim, sou gaúcho e adoro churrasco; mas não foi esse o motivo).
Eu ganhei uma de aniversário e, obviamente, curti muito o presente. Em uma das minhas viagens, meus amigos a usaram e combinaram de limpá-la. Um dos responsáveis por deixar a churrasqueira arrumada viajou e esqueceu-se de fazer isso. O outro não limpou porque não era de sua responsabilidade.
Ontem, quando fui usar a churrasqueira, ela estava suja e se ficasse mais tempo naquele estado, poderia estragar e ficar inutilizável. Notei, que ao invés de limpar, mesmo que não fosse de sua responsabilidade, meu amigo não se importou. Na minha opinião, para ele, era só comprar outra.
Naquele momento, percebi o quanto essa situação pode estar relacionada às relações humanas. É estranho, porém cada vez mais as pessoas, apesar de conectadas, sentem-se sozinhas. As amizades começam a tornar-se mais descartáveis. Você começa a falar com alguém interessante e dois dias, caso a resposta não seja adequada, Tchau! Você desenvolveu uma certa amizade com alguém, a pessoa não cumpriu com uma expectativa, Tchau! Eu poderia citar mais exemplos, infelizmente.
A ideia de que tudo é substituível, ao invés de cuidar do que se já tem, virou febre. Nesse caso, estou referindo-me tanto a uma moda, quanto ao que me parece uma doença incômoda. Laços se constroem com dificuldade, histórias incríveis precisam de conflitos, grandes seres humanos desenvolvem-se com adversidades, mais do que vitórias. Poxa, então, por que descartar aquilo que aparentemente não serve mais ao invés de tentar reaproveitar?
Tenho certeza de que quando ganhei a minha churrasqueira, presentearam-me para que eu tivesse ótimas experiências com ela ao reunir amigos, fazer ótimas comidas e celebrar grandes momentos. Eu quero essa nostalgia! Dei até um nome para a churrasqueira. Agora, chama-se “esquentadinha” e vai passar o máximo de tempo possível comigo.
Das varias tendências do mundo, essa de descartar, eu não vou seguir. Se quiser me chamar de velho ou antiquado, tudo bem, eu aceito. Mas, ainda assim, serei essa pessoa com várias amizades especiais, laços fortes e histórias incríveis. Parece-me uma boa escolha.
Então, se precisar descartar algo, que seja a atitude de “tanto faz, partiu para outra”. Agora, deixe-me ir que está na hora de começar outro churrasco com a boa e velha “esquentadinha”.
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