Reinventar a reunião com ajuda do canvas, pode representar uma verdadeira inovação de ruptura na gestão do dia a dia de todos os negócios


Na última coluna, conversamos aqui sobre o lado empreendedor do Alex Osterwalder, criador da ferramenta canvas para geração de modelo de negócio, aquela que virou uma febre entre os empreendedores. Relembrando, eu reforcei que o Alex nos ajuda com seu exemplo também, não só com sua ferramenta. 

Nesta coluna, quero chamar a atenção do leitor para quanto o mesmo Alex pode estar revolucionando as reuniões das empresas, algo que nem todo mundo percebeu ainda (mas digo que alguns já perceberam e estão saindo na frente). 

Deixe-me, antes, dar três passos atrás. Tem alguém aqui que não odeie reuniões? Eu, por exemplo, não odeio: reuniões, de preferência com participantes bem diversificados, são muito úteis para o meu negócio, que é o da informação e do conhecimento. 

Mas, convenhamos,  sou exceção à regra. E é fácil entender por quê. Mesmo quando não resultam em nada, as reuniões me dão inputs em termos de informação e conhecimento, e eu anoto e materializo tudo, sou a escrevinhadora por excelência. (E não estou falando de entrevistas ou reportagens, mas de reuniões para valer.)

Só que as reuniões da maioria das pessoas se encaixam em uma de duas categorias: ou servem para alguém dar ordens e outros as executarem; ou são pura perda de tempo, não levando a lugar algum. A troca de conhecimentos que acontece não é percebida como algo útil no dia a dia, porque não ajudar a bater meta.
 
Agora, três passos à frente, copio aqui o que o Alex Osterwalder me disse numa entrevista: “Eu sugiro sempre imprimir um canvas em tamanho grande, pendurá-lo na parede da sala e começar a completá-lo com post-its em conjunto com outras pessoas”. 

Imagine o que acontecerá se toda reunião tiver um suporte visual que as pessoas (todas à mesa) vão preenchendo com ideias? O canvas vira um resultado registrável, embora não signifique bater metas automaticamente, e aí pode servir de base para alguma iniciativa que no futuro leve a bater metas. Basta todo mundo registrar o canvas com o celular/tablet e a magia pode começar a acontecer.

Isso, principalmente se o todo mundo dessas reuniões for composto de pessoas de diferentes áreas, seja da empresa, seja de fora, com experiências e especialidades distintas.

O Alex me descreveu uma reunião de canvas assim: “Você deseja lançar um produto no mercado. Chama para a sala de reuniões um grupo de seis pessoas, pendura quatro painéis de canvas vazios na parede para montar quatro modelos de negócio bem distintos para o produto: em um deles, é possível, por exemplo, imaginar um sistema sem custos fixos; em outro, simula-se que o produto seja grátis, como se fosse baixado na internet, e pensa-se como seria o modelo de negócio final para haver renda; e assim por diante. Em quatro horas de workshop, você terá um esboço de cada um para o mesmo produto”.

O canvas se aplica a todo tipo de reunião? Eu arriscaria a dizer que sim. Hoje em dia, reuniões deveriam servir apenas para processos decisórios em torno de lançar novos produtos, ou estratégias, ou modelos de negócio. Reunião para decidir quem vai falar com que cliente, ou quem cometeu determinado erro e o que aprendeu com isso, tem de ser feita em pé, no corredor, em não mais que 10 minutos. 

Vejam o que o Alex me disse a esse respeito: “As reuniões improdutivas acontecem porque boa parte delas visa discutir modelos de negócio, ou estratégia corporativa, ou novos produtos, só na base da conversa; dificilmente consegue-se falar dessas coisas só na base da conversa”. 

Quanto dura uma reunião dessas? Quantas pessoas são envolvidas? Aí não tem fórmula, cada qual que encontre a sua. Já ouvi falar de reuniões de canvas que duraram três horas e de outras que se prolongaram por nove meses (desdobrados em uma sequência de reuniões semanais, naturalmente). E já ouvi falar de reuniões de canvas que envolveram três pessoas e em outras com mais de dez.  

O importante é estarem presentes pessoas com diferentes formações, especialidades e graus de senioridade (tem de haver experientes tanto quanto novatos, por exemplo) e elas serem de fato participativas. 

Para startups, reuniões de canvas parecem ser especialmente relevantes.  É um modo de aproximar de clientes, de envolver funcionários, fornecedores e parceiros, de mostrar a que se veio.

Reinventar a reunião, migrando-a para o padrão “reunião 3.0” do Alex Osterwalder, com ajuda do canvas, pode representar uma verdadeira inovação de ruptura na gestão do dia a dia de todos os negócios. Se uma empresa fizer isso desde o berço, então, ela já vai criar uma mentalidade diferente, que combina produtividade e participação (duas coisas geralmente tidas como excludentes). 

#FicaaDica, como se diz nas redes sociais.

Aprenda sobre vendas no meuSucesso.com. Experimente por 7 dias grátis.

Adriana Salles Gomes

Editora-chefe da revista HSM Management, especializada em gestão de negócios, trabalhou na Gazeta Mercantil e Exame, fez um guia de sabáticos – ”Fuja por um Ano“ e escreve para a revista eletrônica Terra Magazine sobre a cultura business.