Um ano após o início da pandemia, o que cresceu? O que caiu? O que veio para ficar?


Talvez ninguém pudesse prever que, após um ano, a pandemia estaria a pleno vapor, principalmente no Brasil. Com o pior resultado de PIB em 24 anos, o país tenta se reerguer na economia mas amarga um resultado de  mais de 4% negativo. Apesar do cenário com dados que assustam, esse não é um resultado de todos, muitos setores conseguiram, mesmo na contramão, crescer. Varejo, serviços e indústria oscilaram com meses em alta e outros em retração e todos eles fecharam o ano de 2020 em queda.

Se olharmos o cenário das maiores economias do mundo não veremos nada muito discrepante disso tudo, já que, em todo o planeta, o FMI estima que a economia global tenha encolhido entre 3 e 4% em 2020, um resultado similar ao brasileiro, que pode ser destacado como pior desde a Grande Depressão dos anos 1930. Vale ressaltar que, em meio aos números ruins, quem se destaca como a única grande economia a crescer em 2020 – ainda de acordo com o FMI – foi a China: 2,3%.

Mas como não podemos ficar presos ao passado, é preciso sacudir a poeira e seguir em frente e, para isso, vamos olhar para o que diz o FMI, que prevê um crescimento global de 5,2% em 2021, impulsionado principalmente por países como Índia e China, que têm uma previsão de aumento por volta dos 8%. Já em terras tupiniquins, a estimativa é que a elevação do PIB gire em torno de 3,6% e quem sabe isso possa impactar na vida dos 14 milhões de brasileiros que estão desempregados.

Na crise existe muita oportunidade. Uns caem, outros crescem. 

Olhando pelo lado do que teve resultado positivo, destacamos o cenário da música, prejudicada pela falta de shows, mas impulsionada pelo streaming, cresceu 7%. As plataformas digitais, lideradas por Spotify, Apple e Deezer, agora respondem por 62,1% da receita global de música, com cerca de 443 milhões de assinaturas pagas.

Saindo do áudio, o número é mais espantoso. Pela primeira vez as assinaturas de serviços de streaming em vídeo atingiram a suntuosa marca de 1,1 bilhão de assinantes – globalmente, de acordo relatório da Motion Pictures Association. Na contramão das emissoras de TV que focaram em jornalismo, Netflix, Prime, Apple e Disney+ trabalharam seus conteúdos que já estavam em produção, ou seja, continuaram lançando coisa nova ao longo da pandemia.

Na publicidade fica ainda mais evidente o avanço digital. De acordo com a pesquisa Cenp-Meios, o mercado publicitário recuou 19% em 2020, com exceção da internet, que ano passado registrou um crescimento de 5% em relação a 2019. Todos os demais meios caíram. A TV aberta teve queda de 20,4% se comparada ao ano anterior.

Setores que explodiram

Não é nenhuma novidade o crescimento do delivery, de farmácias, supermercados, lojas de todos os segmentos e, principalmente, de comida. Material de construção também foi um setor movimentado na pandemia. Com as pessoas em casa, trabalhando ou estudando, as reformas – para quem teve recurso, foram aceleradas nesse último ano.

A tecnologia, de forma geral, está possibilitando o crescimento e o surgimento da oferta de novos serviços e produtos. O e-commerce que talvez para você seja algo habitual, para 10 milhões de brasileiros, foi inédito em 2020. O volume de pedidos feitos por meio de websites triplicou de 2 milhões em 2019 para 6 milhões em 2020. A Covid – 19 nutriu tudo que se relaciona ao virtual e, empresas que já vinham imbuídas de tecnologia, aceleraram. A realidade aumentada, por exemplo, passou a estar presente no varejo, possibilitando aos clientes ‘experimentarem’ determinados produtos antes de decidir sobre a compra.

Mudanças definitivas

O que a Covid trouxe que veio pra ficar? As empresas precisaram correr para estabelecer novos processos e como geri-los. O home office se tornou definitivo em muitas companhias e, com isso, reuniões e mais reuniões, tudo por vídeo! – o aplicativo Zoom contabilizou, no fim de 2020, cerca de 300 milhões de usuários, enquanto o Google Meet, 235 milhões. Haja internet porque as viagens a trabalho e as reuniões presenciais foram drasticamente reduzidas, o que deu espaço à transformação digital, que acelerou e trouxe para hoje o que estava previsto para a próxima década. E os gestores, estão prontos? A pandemia mexeu, remexeu e vai continuar seu curso, cabe às empresas e às pessoas entrarem no ritmo e aprenderem essa nova modalidade de dança.

Protagonistas do meuSucesso diante da pandemia

João Appolinário, dono da Polishop, viu seu faturamento despencar com suas lojas físicas fechadas e quando reabertas, enfrentou a falta de produtos. Mas, com planejamento e estratégia de guerra, o empreendedor focou a venda nos itens fitness e, com as academias fechadas em todo o país, levantou seu faturamento nesse segmento em 300%. No geral, com a estratégia de omnichannel, as vendas da Polishop cresceram em torno de 8% em relação a 2019.

A Sorridents, fundada por Carla Sarni, usou a chegada da pandemia para acelerar. O primeiro passo foi criar um tele atendimento odontológico 24 horas, com os dentistas da rede fazendo triagem e orientação para atendimento dos pacientes à distância e direcionando ao presencial aqueles que precisavam de tratamento efetivo. No ano passado, o faturamento da rede cresceu 20% em relação a 2019 e a projeção para 2021 é aumentar em 56% a receita.

A Ânima Educação, em que um dos seus fundadores é Daniel Castanho, também vai na contramão da crise. A empresa de educação, adotou rapidamente um modelo acadêmico híbrido com uso intenso de tecnologia e encerrou o ano de 2020 com crescimento de 20,4% na Receita Líquida em relação a 2019, alcançando mais de R$ 1.4 bilhão de faturamento.

A Stefanini, empresa fundada por Marco Stefanini,  também saltou 20% em 2020 e está perto do IPO. O faturamento no ano da pandemia foi de R$ 4 bilhões. Uma das áreas que mais cresceram foi a de soluções digitais, que compreende inteligência artificial, nuvem analytics, segurança cibernética e marketing digital.

A Resultados Digitais, de Eric Santos, não só cresceu em 2020 como foi destaque no cenário digital por protagonizar uma transação bilionária no início de 2021. Com mais de 25 mil clientes ativos, a RD foi vendida para a maior empresa de tecnologia brasileira, a Totvs, que investiu na compra 1,8 bilhão de reais. Mesmo após a negociação, Eric Santos permanece no comando da empresa e terá autonomia para executar seu plano de crescimento da operação e da liderança no Brasil e expansão internacional.

Não é por menos que essas empresas foram objeto de estudo de caso da plataforma do MSS, e sua capacidade está explícita com esse crescimento acentuado mesmo em crise. Ao longo da pandemia que assolou o ano passado, foram desenvolvidos vários estudos de caso e, além disso, uma série que tratou especificamente da gestão de crise: Plano de Contingência foi produzida e gravada totalmente online para trazer ao aluno do MSS como as empresas foram atingidas e de que forma estavam se estruturando para sair da crise.