Os protestos nas ruas demonstram o poder de influência do mundo digital


É impossível ignorar o tamanho dos protestos que ocorreram no último domingo, dia 15 de março de 2015, em todo o Brasil. Milhões de pessoas foram às ruas. Professores renomados, de linhas conservadoras e progressistas, já o apontam como o evento marco do fim da Nova República.

Dois dias antes, sexta-feira, dia 13 de março de 2015, houve um protesto convocado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), pelo MST (Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), pela UNE (União Nacional dos Estudantes) e por outros movimentos sociais. 
Fui aos dois. Na sexta-feira, como pesquisador e observador. No domingo, como manifestante, levando meu desejo de construção de um país melhor. 

Se tivesse que escolher uma palavra para definir o evento do dia 13, ela seria organização. A militância agrupada chegava em ônibus fretados, camisetas vermelhas eram distribuídas e, mais tarde, ficou pública a notícia de que diversos manifestantes receberam entre R$ 30 e R$ 35 para participar dos protestos.  

Se tivesse que escolher uma palavra para definir o evento do dia 15, ela seria desorganização. Metrô abarrotado, ausência de transporte público, carros de som com uma qualidade sofrível e impossibilidade de comprar uma água. Nem mesmo as pessoas conseguiam sincronizar seus gritos de reivindicação. Nesse sentido, o movimento de domingo me fez recordar dos eventos de junho de 2013 (apesar das diferenças ideológicas). 

O protesto de domingo pode ser definido como grassroots. Isto é, um movimento que começou pequeno, organizado pela população e sem afiliação a uma organização formal. Grassroots são movimentos considerados "autenticamente populares". As redes sociais vêm alavancando significativamente o potencial desse tipo de acontecimento. O que começa em dezenas de pessoas pode engajar milhões em pouco tempo. Inclusive, na literatura técnica, o uso do termo grassroots marketing tem sido cada vez mais utilizado. 

Grassoroots marketing é indicado para empresas que não dispõe de grandes verbas publicitárias. Enquanto grandes empresas anunciam sua mensagem através de canais convencionais, esperando que o recado chegue aos consumidores de “cima para baixo”, esse novo conceito sugere o inverso.  Ao invés de emitir  sua mensagem para um grande público, deve-se mirar em pequenos grupos ou comunidades. Conectando-se às necessidades desses grupos, a bola está com eles. O boca a boca começa na redes sociais e a sua mensagem, se tiver um conteúdo relevante, será espalhada a um público maior do que qualquer mídia tradicional seria capaz de atingir. Trata-se de uma forma de marketing baseada em recomendações pessoais de produtos, serviços e causas. Se um deles faz sentido para determinado grupo, o próprio grupo vira canal e, por sua vez, a rede vira meio. 

Foi esse o fenômeno que aconteceu dia 15 de março de 2015. Agora cabe ao governo, como marca, definir a melhor forma de reagir e interagir. A dúvida que fica é se ainda há credibilidade no emissor e  na qualidade do conteúdo de suas mensagens. Mas esse é um tema para um próximo artigo.

 

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Fabio Milnitzky

Formado em Comunicação Social pela ESPM, pós graduado em Administração pela FIA/USP e especializado em branding pela HSM, Fábio Milnitzky foi responsável pelo desenvolvimento e gestão de marcas nacionais como  XP Investimentos, Grow, Helbor, Colégio Renascença, Suzano, Multiplus, Zolkin, entre outras. Em 2013 fundou a IN Construção de Marcas, consultoria dedicada ao desenvolvimento de identidades corporativas e estratégias de comunicação.